terça-feira, 16 de agosto de 2011

Como é fabricada a cocaina


Franklin havia vencido a primeira colocação em um festival de música e, como prêmio, gravaria um compact disc, no Rio de Janeiro.

Era um baiano ainda careta, naqueles tempos da jovem guarda. Gravou o compact disc e esperava pelo sucesso, no Rio de Janeiro, o que não aconteceu. Raul Seixas procurou ajuda-lo, mas Franklin não soube aproveitar as oportunidades. Ficou um tempo com Leno e Lilian, mas deu para usar marijuana e cheirar coca. Pegou o trem da morte rumo ao Peru e a Bolívia. Foi preso no Perú portando quase um quilo de coca. Pegou xadrez, mas não era traficante. Muitos anos depois tornamo-nos amigos. Fumávamos e bebíamos muito vinho, Cantareli, de gute-gute.

Andávamos juntos e ele me falava o quanto era fácil fabricar cocaína e refinando a pasta base em pó. Apenas ouvia e nunca aprendi. Naquela época cocaína poderia ser injetada na veia porque havia um certo grau de pureza e era droga cara, de grã finos. Hoje o uso foi vulgarizado mediate a venda da porcaina (colocam ácido bórico, xilocaína, analgésico, pó Royal e até mesmo o crack, maízena e etc).

O tempo passa e vamos recordando as coisas. Franklin morreu, foi um cara que começou a pirar depois que se iniciaram os internamentos.

Era culto, falava vários idiomas, mas também ouvia muito, da família, aquelas frases loucas tipo: "prefiro vê-lo morto do que no meio das drogas", ou "porque Deus não leva logo ele de uma vez por todas?" Isso é racional? Essa gente, que pensa assim, mata mais do que a droga.

Quando saia dos internamentos, na época não existiam as famigeradas clínicas de reabilitação e ele era jogado em manicômios. Após cada internação, era patente o agravamento da sua doença. Recaia de imediato e cada nova recaída era pior que as anteriores. Então ele foi de mal a pior. A sociedade, em matéria de lidar com o problema, é inculta e tétrica, enquanto as famílias, incompetentes, tornam-se assombrosas. Os médicos, salvo raras exceções, andam engatinhando e poucos entendem sobre como lidar e recuperar o drogadito.

Hoje existem avanços, mas o crack fundiu a cuca de muitos médicos que também embromam. É fácil cuidar de um usuário de cocaína e/ou de crack, Não é esse drama todo que certos usuários relatam. A maioria não sabe sequer falar de si mesmo, repetem o que lhe dizem, e pouco se conhece a respeito de cada usuário. O embrutecimento de técnicas de tratamento, são rudimentares, violam os direitos humanos, ocorrem práticas de tortura física e mental, que só agravam o problema. Familiares transformam-se em versões pioradas de Pôncio Pilatos, não procedem exames de consciência e entregam o familiar em mãos de qualquer embusteiro.

Vencida a etapa da abstinência, que é de ordem psicológica e não física, é preciso saber lidar com os usuários em recuperação, a chance de reabilitação é alta, mas exige competência o que é raro no ramo.

Mas Franklin conhecia como se dava o processo de produção da coca. É tão chocante, quanto a produção do crack, no que diz respeito aos ingredientes utilizados. Vejamos como algumas pessoas inteiradas descrevem tal processo:

"Os laboratórios clandestinos empregam técnicas rudimentares: num buraco aberto no solo são colocados cerca de 150kg de folhas secas de coca; essas folhas são maceradas em querosene e depois colocadas em tanque e mergulhadas em ácido sulfúrico para acidar os seus alcaloides e formar seus sais, obtendo-se os sulfatos de cocaína, hygrina e outros, que são substâncias solúveis na água; o líquido é removido e tratado com alguma substancia alcalina, como o carbonato de amônio, desta maneira se obtém a cocaína base, que é solúvel em dissolventes orgânicos e insolúveis na água.

"Os dissolventes orgânicos empregados na obtenção da cocaína - os que precipitam de suas soluções e formam o pó branco - são voláteis e depois de algum tempo se evaporam e a cocaína fica sem o odor característico desses dissolventes.


O processo tradicional de produção de cocaína usado pelos camponeses bolivianos é o seguinte:

500kg de folhas de coca são transformados em 2,5kg de pasta de coca;
2,5kg de pasta de coca é extraído 1kg de sulfato base de cocaína;
1kg de sulfato base é destilado e resulta em 1kg de hidroclorido de cocaína;
1kg de sulfato base ou de hidroclorido recebe a adição de talco e outros produtos e resulta em 12kg de droga que é vendido ao consumidor comum."

Acima temos uma visão simplista de como esta droga é tratada. Então vamos ao relato de um jornalista:

"Na manhã do terceiro dia de viagem seguimos rumo à "cocina", tomando a mesma estrada em que, algumas horas antes, 600 paramilitares seguiram para atacar posições do ELN.

Passamos pelo posto de controle que existe nas cercanias de San Pablo. O posto está sob comando do exército, e percebe-se um elevado grau de envolvimento e cooperação entre as forças armadas colombianas e os grupos paramilitares, de atividade ilegal.

Uma desconfortável viagem de 3 horas nos levou até à "cocina", ou melhor à fazenda onde estava instalado o laboratório.

O fazendeiro era pobre e vivia num casebre de madeira e palha, uma evidência de que os produtores recebem apenas uma pequena parcela dos elevados lucros do narcotráfico.

Um trabalhador usa um aparador de grama doméstico para cortar as folhas de coca. O fazendeiro nos contou que o plantio de coca era a única maneira que tinha de alimentar a família. Nenhuma outra lavoura era economicamente viável. Ele empregava 30 "raspachinos" (apanhadores de folha de coca), que trabalham 11 horas por dia, seis dias na semana, sendo que cada um recebe cerca de R$ 24 por dia, incluindo alojamento e comida.

Imposto

O fazendeiro disse que pagava um "imposto" aos paramilitares que controlam a área, equivalente a R$ 55 por hectare, e que além disso pagava mais R$ 180 por quilo de pasta de coca produzido, que por sua vez era vendida aos próprios paramilitares ao preço de R$ 1.800 por quilo.

O laboratório, ou "cocina", era um armazém comprido, sem paredes divisórias ou laterais, com o teto suportado por seis vigas de concreto. O chão era forrado por dois grandes plásticos negros, dividindo o interior do laboratório em dois ambientes distintos. No primeiro, um trabalhador utilizava um aparador de grama para cortar um monte de folhas de coca, em pequenos pedaços.

Pó de cimento é misturado às folhas de coca

No segundo ambiente, outros trabalhadores jogavam cimento em pó sobre as folhas de coca, para em seguida misturá-las com gasolina, em grandes camburões. O resultado da mistura era a pasta de coca, um líquido branco, viscoso, que era então filtrado e tratado.

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Intermediários

Esta "cocina" produzia 15 quilos de pasta de coca por semana. A pasta era comprada por intermediários de Cali ou Medellin, que cuidam de destilá-la em pequenos cristais, antes de embarcar a droga para o exterior."

Ainda não satisfeito vamos conhecer outro relato: 

"Vamos descobrir como é o início da fabricação do pó branco que era símbolo de status nas principais rodinhas intelectuais do Rio antigo, e que era (ou é!) servido em bandejas nas festas da mais alta roda da sociedade brasileira."

(...)"As folhas de coca são arrancadas dos pés e levadas para tendas escondidas em meio à floresta, onde são trituradas com o auxílio de um cortador de grama. Depois são reunidas com uma vassoura, e colocadas sobre um plástico, formando um pequeno monte.

Sobre as folhas são jogadas então generosas porções de cimento. Isso mesmo, cimento para construção. Pega-se então um galão com uma mistura de soda cáustica, amônia e gasolina, que é colocado em um regador para molhar as folhas de coca trituradas."

"Para ajudar a misturar, os camponeses ficam andando sobre a pilha de mato, e aproveitam para adicionar uma boa dose de cal, aquele pó branco que se mistura com água para pintar paredes por um custo baixo. Depois continuam pisoteando a mistura, e aproveitam para regar novamente com bastante gasolina. Em seguida, misturando tudo ainda com os pés, regam também com uma solução de ácido sulfúrico."

"Após, toda aquela lama formada é colocada em um tonel, onde recebe mais alguns litros de gasolina pura e gasolina reutilizada. Deixam então a mistura descansar."

"Voltando aos trabalhos, mais uma dose de ácido sulfúrico é colocada em um tonel, onde a pasta é derramada, atravessando um pedaço de pano sujo para filtrar as “impurezas”. São três processos de filtragem sucessivos. Depois de tantas filtragens, é adicionado mais amônia, provocando uma reação química com o líquido extraído de toda aquela mistura. Filtram então mais uma vez em um pano sujo, e pronto: pasta base de cocaína!"

"É necessário depois outros processos químicos com acetona e outras substâncias para formar o famoso e disputado pó branco. Quando chega no Rio, é misturado com vidro moído, fermento em pó, lidocaína, procaína, benzocaína, pó de giz, pó de mármore, dentre outros produtos curiosos, para só então ser colocado à venda na boca de fumo mais próxima de sua casa."

Claro que o processo de fabricação do entorpecente tem variações. Há um vídeo em que é mostrado o fabrico da pasta de coca utilizando-se outros componentes, como o querosene.

"É de se pensar: os milhões de viciados que se espalham pelas favelas e condomínios de luxo por todo o Brasil e ficam doidões por causa da coca mesmo, ou por causa de tanto produto químico? Loucura…"

Existiam vídeos que foram retirados do youtube... mas ai está relatado, sumariamente, o processo que a grande imprensa não divulga. O crack é cocaína preparada para ser fumada e o oxi é o crack com um teor mais elevado de cocaína e outras porcarias.

Hoje estas drogas todas são misturadas para renderem. Os traficantes vão batizando a mesma e, de traficante a traficante, até chegar ao consumidor final, vira "merda". 

Franklin morreu devido ao alcoólismo que desenvolveu, seguindo o mesmo caminho do pai. Essas histórias são todas muito tristes e o que é pior é saber que muita gente morre devido aos maus tratamentos recebidos, seja na família, seja na sociedade, seja em clínicas, que seguem padrões medievais, verdadeiros destratamentos. Que ninguém cometa mais o erro de permanecer na ignorância e é necessário entender que sem amor, fica complicado recuperar e para se iniciar um tratamento há que existir vontade, muita conversação, em um verdadeiro jogo de paciência. É importante esclarecer que as famílias precisam ser tratadas, também. Não é só o usuário!


A você, usuário, caia fora urgentemente. Você não usa cocaína, porque cocaína de verdade é branca, cristalina, é inodora. Se tiver cheiro e/ou parecer amarelecida, caia fora porque tem crack na mistura, além de muitas outras porcarias. Hoje, contudo, é preciso alertar usuários desprevenido que estão vendendo heroína como cocaína, por um preço elevado. Heroína é outra conversa!

Um comentário :

  1. EM 1982 fazia colégio agricola e descobri um colega de classe que tinha uma fazenda em Ponta Poran nem sabiamos o que era coca direito mas fui com ele para lá depois de fazer uma vaquinha entre o pessoal do colégio viajamos para a fezenda chegando la um dos empregados nos levou através da fronteira onde conhecemos uma pessoa que refinava o pó então perguntei a ele como adiquirir uma quantidade de pó

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soporhoje10@gmail.com

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