domingo, 14 de agosto de 2011

Tudo está errado e ninguém tem razão - I

Foi no livro que Ozzy escreveu que me deparei com algo interessante: o terapeuta pede que ele inverta os papéis, isto é, coloque a esposa no lugar dele e ele se ponha no lugar dela. Pra qualquer cara consciente essa é uma proposição dura de encarar. Em outras ocasiões me deparei com situações aparentemente sem significação alguma, mas que me surpreenderam tanto, que por instantes me senti como se tivesse levado uma pancada na cabeça e estivesse vendo estrelas. A terapeuta pede algo simples: - desenhe como foi seu fundo de poço!. Confesso que já desenhei relativamente bem, mas, naquele instante me vi em apuros. Fechei os olhos, respirei fundo e tentei ver se achava, ou pensava em algo e deu um branco total. Ainda estava com o organismo intoxicado. Acabei fazendo um desenho semelhante àqueles que fazia quando ainda era um pré estudante no maternal. Meu fundo de poço era uma regressão terrível e eu via aquele desenho horrível colocado no vidro do “aquário”, todos os dias. Tinha vontade de destruí-lo, mas era importante incomodar-me em vê-lo, diariamente, como um castigo necessário a meu processo de aprendizagem, dai, talvez eu me visse como um iniciante em um estágio infantil. Depois, um terapeuta me pediu para apresentar a ele dez situações vergonhosas por que passei. Naquela primeira fase só consegui imaginar nove dessas situações, que por terem se tornado tantas, já não me lembro mais quais foram. Vergonha, mesmo, me ocorreu na segunda fase da drogadição. Depois me pediram para fazer um calculo dos gastos que tinha com as drogas e é ai que a gente leva um sopapo na cara e, juntando essas pequenas peças vamos tomando consciência da merda em que havíamos nos metido. Hoje relembrando tais situações eu penso na inversão de papéis qual seria a minha conduta?  Sei que parece difícil, mas é possível tentar e, talvez por entender minhas mazelas é que eu me permitia deixar a mulher me agredir sem nada fazer, sem reagir. Pedia calma e quanto mais pedia, ela se enraivecia. A impressão que eu tinha era a de que ela gostaria de trocar porrada comigo, mas é como se diante dela, no lugar dela, estivesse a figura materna da minha mãe. Eu não podia fazer nada com ela. Eu compreendia que ela estava coberta de razão. Apenas achava que aquela não era a maneira correta de me fazer enxergar meus erros. Se fosse para inverter acho que faria pior, porque seria tomado por um desequilíbrio raivoso, pensaria com ódio e quem fica nesse estado não raciocina bem e se não pensa legal só vai fazer bobagem. Não quero mais pensar nisso, mas, compreendi que em determinadas situações a sapiência deveria nos socorrer para conduzirmos tudo da maneira mais acertada, mais inteligente e capaz de fazer quem incide em um determinado erro perceber  que do seu jeito tá ruim demais.  Tudo está errado, cara ! 

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