quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Rede Pública e tratamento Gratuíto

Clínica Pública oferece tratamento gratuito para Dependentes Químicos    

Diário Oficial
Viviane Gomes - Da Agência Imprensa Oficial
Pela primeira vez no Brasil, serviço público promove internação com equipe multidisciplinar, que inclui assistência médica e palestras
De cabelos alinhados e unhas bem-feitas, Fernanda(*), 29 anos, fala animada e com desenvoltura sobre seus planos para o futuro: cursar Administração, morar com a mãe, praticar natação, pintar quadros e atuar como voluntária numa escola pública. Suas metas também incluem largar as drogas, definitivamente, frequentar o grupo de Narcóticos Anônimos (NA) e o Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Após um ano de adaptação social, pretende procurar emprego.

Crédito: Blog Dependência Química

Para obter informação completa, mediante download, clique aqui

Como é o tratamento das dependências químicas?

O tratamento da doença da dependência é bastante simples, na verdade, desde que o paciente já tenha se conscientizado de sua doença e realmente esteja disposto a entrar em recuperação, apesar das dificuldades envolvidas. Simples, no entanto, não quer dizer fácil, e se o paciente não está disposto a enfrentar o tratamento de frente, não conseguirá a recuperação.

O tratamento é impossível, no entanto, quando o paciente não está ainda realmente convicto da necessidade de tratamento. Por maior que seja a boa vontade de familiares e amigos, no entanto, ninguém pode ajudar o paciente independente do desejo real deste.

Uma vez que o paciente esteja desejando o tratamento, o primeiro passo é a abstinência total de qualquer droga potencialmente causadora de dependência, mesmo que o paciente não seja um usuário costumaz ou "descontrolado" da droga. O tratamento da Dependência Química não é somente parar de beber ou de usar outras drogas, mas, enquanto continuar usando qualquer droga, com qualquer freqüência, o paciente não estará em recuperação.

.Invariavelmente, os primeiros dias sem a droga são difíceis, pois o corpo e a mente do dependente exigem a droga. Os sintomas de abstinência real, física, têm curta duração: em 5 a 10 dias, o corpo já esqueceu da droga. Qualquer sintoma de abstinência depois do 10° dia de abstinência total são de natureza psicológica ou sintomas de algum distúrbio físico ou mental desenvolvido durante o uso da droga e não percebido durante a ativa.

Na primeira semana de abstinência do álcool, que pode ser muito grave, ou quando o dependente de qualquer droga desenvolva sintomas psiquiátricos potencialmente ameaçadores ou muito desconfortáveis, o médico geralmente entrará com medicação. Esta medicação não é para o resto da vida, mas para um período de tempo variável. Um psiquiatra acostumado a tratar dependentes químicos pode empregar o esquema de suporte medicamentoso mais adequado ao caso.

O paciente deve entender que a medicação é somente uma muleta química para os primeiros tempos, e não o tratamento. Tampouco deve esperar que o remédio lhe resolva todos os problemas. Mesmo com o esquema mais adequado, ainda podem persistir sintomas. A medicação evita que um quadro grave não se desenvolva e retira os sintomas mais grosseiros. Desde o primeiro comprimido, o dependente deve entender que não deve substituir a droga de abuso pela droga médica, e que medicação não pode resolver problemas de vida.

Qualquer medicamento para o dependente deve ser NÃO-INDUTOR DE DEPENDÊNCIA, em qualquer fase do tratamento. O paciente e sua família devem estar atentos a este fato. Uma única exceção é o alcoolista, que pode precisar de medicação calmante NA PRIMEIRA SEMANA DE ABSTINÊNCIA SOMENTE.

Algumas vezes, o paciente alcoolista tem risco ou desenvolve quadros de abstinência graves, ou está com a saúde tão debilitada pelo álcool que se espera complicações físicas. Nestes casos, ele necessitará de uma internação para desintoxicação. Esta internação é idealmente realizada em hospital clínico, e deve ser de curta duração (5 a 7 dias, em média). Muitos destes pacientes necessitam medicação IV ("soro").

Em alguns casos, apesar da medicação, o paciente tem dificuldade de se manter longe da droga. Nestes casos, é sugerido ao paciente que considere uma internação em hospital psiquiátrico, para que consiga vencer os primeiros tempos de abstinência. Esta internação é mais longa, geralmente oscilando entre 30 a 90 dias.

Em outros casos ainda, o paciente, mesmo em abstinência, apresenta algum transtorno mental mais grave, por exemplo, com risco de suicídio ou confusão mental. Nestes casos, também se sugere a internação em hospital psiquiátrico.

Freqüentemente, familiares e amigos bem intencionados querem internar o paciente contra sua vontade. Os benefícios desta atitude são questionáveis. Embora realmente uma minoria dos pacientes internados "à força" acordem para a necessidade de tratamento após um período de afastamento forçado da droga, geralmente estas internações involuntárias são pouco efetivas.

Se o paciente apresenta grave transtorno mental, que, na opinião do médico e de seus familiares, limite sua capacidade de decidir por si mesmo, a internação involuntária pode ser realizada, sempre de acordo com a lei. Nestes casos, no entanto, não se trata de uma internação psiquiátrica para tratamento da Dependência Química, mas do transtorno mental relacionado a ela ou não.

Desde o primeiro dia de tratamento, o paciente deve estar consciente de que precisará de tratamento não-medicamentoso pelo resto de sua vida, se desejar a recuperação. Este tratamento pode ser feito em grupos de mútua ajuda (como os AA - Alcóolicos Anônimos e os NA- Narcóticos Anônimos) ou em grupos de apoio à abstinência em serviços de tratamento especializado em dependência química. Não importa como o paciente deseja fazer seu tratamento, a grupoterapia é fundamental.

Vencida a abstinência inicial, o paciente provavelmente já estará sem medicação, a não ser que algum quadro psiquiátrico se desenvolva que necessite de medicação não-indutora de dependência. Recomeçará, aos poucos, a remontar sua vida sem a droga.

Muitas vezes, a ajuda psicoterapêutica individual pode auxiliar o paciente nesta remontagem de vida. No entanto, somente a psicoterapia individual, sem o suporte grupal, dificilmente dá bons resultados. O paciente deve procurar um psicoterapeuta acostumado a tratar de dependentes químicos.

Finalmente, alguns pacientes necessitam de tratamentos mais prolongados em uma instituição, devido à grave situação psicossocial em que se encontram, que lhes impede de manter a abstinência e a recuperação na grande sociedade. Para estes pacientes, é recomendado o ingresso em uma Comunidade Terapêutica.

Os familiares do dependente, ou seja, todas aquelas pessoas que vivem em intimidade com o paciente, também necessitarão de orientação e tratamento específico.
 
Crédito:http://anovavida.tripod.com/tto.htm 

Tratamento gratuito para dependentes químicos


Quem não possui condições financeiras para obter tratamento para dependencia química, é bom saber que a  Unifesp – Universidade Federal de São Paulo oferece, de forma gratuita, esse tipo de tratamento para os interessados.

Os interessados devem se inscrever para conseguir o tratamento para dependência química grátis, deverão ter entre 15 e 65 anos, porém a inscrição só poderá ser realizada pelo próprio dependente, pois na Unifesp só entra quem está interessado em receber o tratamento, excluindo a hipótese de colocar alguém fora de sua vontade, no dia 8 de Abril se iniciou o tratamento em São Paulo, serão apenas dez vagas para esse semestre, os interessados poderão se dirigir à sede da UDED, na Rua Napoleão de Barros 1038, vila Clementino, caso queira entrar em contato por telefone, não deixe de ligar para o numero 11 5549-2500, o atendimento acontece entre 7 e 17 horas.

Não percam a chance de indicar um amigo para a realização de um tratamento gratuito para dependentes químicos, pois nada melhor do que tentar tirar um amigo ou até mesmo familiar da dependência das drogas, entrem em contato agora mesmo com a UDED – Unidade de Dependência de Drogas, para que possam esclarecer suas dúvidas e obter maiores informações.

Compareça às reuniões que ocorrem com os grupos de dependentes químicos anônimos e indique as pessoas que precisam desses tratamentos para se livrar das dependências de drogas.
Esperamos que tenham gostado da nossa matéria e que possa indicar seus amigos e familiares que possuem dependência química para que tenham tratamentos específicos para esse tipo de problema, desejamos a todos uma ótima semana e até a próxima.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Santo Inácio de Loyola, Exercício Espiritual e a ENTREGA

Copiamos o texto abaixo do Almanak Arouck por entendermos que o texto é muito mais que uma homenagem, merecida, a um santo. Verificamos que o trecho final nos leva ao terceiro passo, o da ENTREGA, resumida na curta frase: "Tudo é vosso".  O poder superior vertical de cada um fica na conformidade de como nós o concebemos.

Inácio de Loyola

In Santo do dia on sexta-feira, 31.07.2009 at 00:01

GO-165-7
Inácio de Loyola não é um santo em que romarias e santuários registrem sua influência na piedade popular. Inácio é santo aguerrido, austero. Sua vida ascética até amedronta. Sua robustez apostólica revela-se na intimidade de seus escritos, sejam eles de caráter místico ou disciplinar. Pela mística, teceu um caminho para a vida no espírito que conduz à contemplação na ação; pela disciplina erigiu uma organização vocacionada à ação a partir da contemplação de Deus em todas as coisas.
Aproximo-me de Santo Inácio com a devoção de um filho; pois é de uma filiação no espírito que brota o amor que por ele sinto. Por São Francisco tenho ternura; por Antônio, candura; pelas Teresas, carinho. São todos meus santos de devoção. Inácio é o mentor, o pai, o amigo que te faz sair do lugar-comum, do conforto da mesmice. Inácio é fogo – de seu nome primeiro: Iñigo – que acende em nosso peito o desejo do Mais.
A pouca popularidade festiva de Inácio, creio eu, vem da natureza de seu caráter: reserva, discrição e a convicção de que é Cristo que deve crescer. Não se encontra uma “devoção inaciana”, mas uma espiritualidade inaciana. Nos Exercícios Espirituais, Inácio transforma sua experiência ascética e mística em um guia. Ao longo dos Exercícios, Inácio desaparece, torna-se invisível, só o Cristo importa.
A psicologia de Inácio é refinada, profunda, clara. Ao iniciar os Exercícios Espirituais, somos advertidos que
Não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma,
mas o sentir e saborear as coisas internamente

(EE 2)
Sua pedagogia é segura, motivadora. Ao concluir os Exercícios Espirituais desejamos recitar com ele (Inácio) para Ele (Cristo):
Tomai, Senhor, e recebei
toda a minha liberdade,
a minha memória,
a minha inteligência e
toda a minha vontade,
tudo o que tenho e
tudo o que possuo.
Vós mo destes;
a vós, Senhor, o restituo.
Tudo é vosso;
de tudo disponde segundo a vossa vontade.
Dai-me o vosso amor e
a vossa graça que isso me basta.
(EE 234)
A experiência intensa e libertadora dos exercícios vai fazendo eco ao longo de toda a nossa vida. Nesta fonte beberemos sempre e a ela retornaremos para reabastecer o cantil e seguir caminho.
go-021-3


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Usuário entre a cruz e a espada

Este blog é a favor da vida, contra a violência, contra as drogas, pela paz social e uma política de combate as drogas equilibrada.

É possível enfrentar o tráfico de drogas, como vimos o que aconteceu no Complexo do Alemão, onde não foi necessário matar ninguém. Aquela arrogância toda que os traficantes revelavam, com toda selvageria, mostrou que são incapazes e incompetentes para o confronto policial. Ocorreu a ocupação pelas forças policiais, que foram prontas para um eventual combate e o que vimos foram os agentes do tráfico em debandada, fugindo, mostrando que toda aquela coragem e valentia não passava de figuração de verdadeiros "tigres de papel". 

As ações inteligentes, bem pensadas, ajustadas, equilibradas, militarmente corretas, precisam ser refletidas. 

É preciso observar que, em meio a esta guerra, os usuários de drogas, ficam entre a cruz e a espada e é isso que as forças policiais precisam compreender. O policial não deve ser visto pelo usuário da maneira que os agentes do tráfico desejam: como "alemães". Eis ai um grave erro das forças policiais, tratar o usuário como "inimigo", permitindo que estes entrem no jogo do tráfico.

Os usuários, muitas vezes, com receio das ações policiais, servem-se de locais impróprios para poder utilizar a droga que lhe causou dependência. Trata-se de gente de todas as classes sociais, sujeitas a toda sorte de situações imáginaveis e inimaginaveis, e que fique aqui um alerta às autoridades: muitas garotas, de muito boa criação, são sexualmente usadas, quer seja por medo, quer seja pela necessidade de obter a droga. Há casos de muitas venderem o corpo por apenas dois reais, para complementar o valor requerido, para aquisição do que ela(s) deseja(m) comprar. 

É preciso que os governantes e autoridades policiais encontrem um meio termo, pois todos sabem que, apesar de todos os esforços, de toda a inteligência empregada, o tráfico não acaba, apenas pode ser atenuado. 

Enquanto isso os usuários, que ainda não buscaram o caminho da recuperação, precisam de encontrar um CENTRO,  onde ele procure a paz que não encontra nas "bocadas", onde se mistura a toda sorte de gente que ele, enquanto usuário, desconhece, nem nas ruas, nem no lar. 

Deve existir um lugar onde ele seja acolhido por profissionais de diversas áreas, treinados, que se aproximariam, conversariam, buscariam ouvir o que os usuários têm necessidade de falar, além de serem ouvidos, também. 

Estes profissionais, com habilidade e inteligência, tratariam de orientar os usuários, mostrar-lhes novos horizontes e novos caminhos, revelando que nem tudo está perdido e que é possivel reconstruir a própria vida (nisso, o Estado e a iniciativa privada, deveriam ficar a postos para uma eventual necessidade de reinserção do recuperando em processo de ressocialização indicando-lhes alternativas de tratamentos)...

A questão das drogas não deve ser vista apenas como uma "guerra entre quadrilhas", ou uma "guerra por pontos de vendas", "acerto de contas", ou "ação policial" e as mortes não devem ser aceitas como um joguete de interesses policiais de "envolvimento com drogas", justificativa esta que tem se prestado a milicianos e grupos de exterminio, que não são menos bandidos que os traficantes. A sociedade merece respeito e os governantes precisam cobrar a verdade e a seriedade necessária neste terreno, sob pena de assistirmos um monstro se agigantando.  Policia para quem precisa de polícia, também nestes casos, com prisão e justiça, tudo na conformidade da lei.

Nisso tudo, é bom que se diga, existe um ser humano totalmente desamparado, que poderia ser filho de qualquer um de nós e é este cidadão, doente por natureza, dependente químico, que precisa, sobretudo, ter a vida salvaguardada. Os perigos que correm merecem ser atenuados por políticas governamentais inteligentes. 

Tirar os usuários das ruas, dos becos, das quebradas, debaixo das pontes e apontar-lhes um caminho, onde irão encontrar outros seres humanos, capacitados, para lhes dar instrução e conselhos úteis e, se for o caso, providenciar um internamento voluntário é uma ação meritória, para os dependentes químicos, seus familiares e toda a sociedade. Sair do campo do binômio "prevenção e repressão", onde quase sempre o que se observa é a repressão, face a inexistência, ou ineficiência, da prevenção.  É preciso refletir!

Mas é preciso retirar o usuário da "LINHA DE FOGO", inclusive do "fogo amigo". Políticas inteligentes é disso que a questão das drogas necessita. O policial não deve continuar a ser visto como sendo o "alemão". Esta denominação pejorativa é fruto de toda uma concepção construida por políticas repressivas do passado e que só reflete o modo repressivo  selvagem, com que, determinados agentes públicos, atuam nas comunidades. O ser "alemão", ou o ser visto como um "alemão", precisa acabar com políticas institucionais educativas,  afinal, quem é o inimigo no seio das comunidades?

Paz social, com inteligência, equilibrio e justiça, no âmbito das drogas, licitas ou ilícitas.

Você, leitor, pode opinar através dos seus comentários. Pode apresentar sugestões e críticas. Ninguém é dono da verdade e o processo dialético promovido pelos debates e confronto de ideias, só nos servirá para aprimorarmos o meio social em que vivemos.

Blowin' In The Wind, Bob Dylan

Blowin' In The Wind
Soprando No Vento


How many roads must a man walk down,
Quantas estradas precisará um homem andar

Before you call him a man?
Antes que possam chamá-lo de um homem?

How many seas must a white dove sail,
Quantos mares precisará uma pomba branca sobrevoar,

Before she sleeps in the sand?
Antes que ela possa dormir na areia?

Yes and how many times must cannonballs fly,
Sim e quantas vezes precisará balas de canhão voar,

Before they're forever banned?
Até serem para sempre abandonadas?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
A resposta, meu amigo, está soprando no vento

The answer is blowin' in the wind
A resposta está soprando no vento

Yes and how many years can a mountain exist,
Sim e quantos anos pode existir uma montanha

Before it's washed to the seas (sea)
Antes que ela seja lavada pelo mar?

Yes and how many years can some people exist,
Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir,

Before they're allowed to be free?
Até que sejam permitidas a serem livres?

Yes and how many times can a man turn his head,
Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça,

Pretend that he just doesn't see?
E fingir que ele simplesmente não vê?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
A resposta, meu amigo, está soprando no vento

The answer is blowin' in the wind.
A resposta está soprando no vento

Yes and how many times must a man look up,
Sim e quantas vezes precisará um homem olhar para cima

Before he can see the sky?
Antes que ele possa ver o céu?

Yes and how many ears must one man have,
Sim e quantas orelhas precisará ter um homem,

Before he can hear people cry?
Antes que ele possa ouvir as pessoas chorar?

Yes and how many deaths will it take till he knows
Sim e quantas mortes ele causará até ele saber

That too many people have died?
Que muitas pessoas morreram?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
A resposta, meu amigo, está soprando no vento

The answer is blowin' in the wind
A resposta está soprando no vento

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Texto para reflexão de todas as autoridades públicas e da sociedade, em defesa da vida

Hoje, com a evolução das ciências e o aprimoramento do conhecimento o elevado grau de instrução sobre a questão das drogas,lícitas, ou ilícitas, elevou-se.

O alto grau de preconceito, contudo, ainda existe e torna-se necessário a humanização do usuário de drogas, muitos dos quais estãoestão sendo assassinados e, invariavelmente, o motivo dado, como racionalização, minimização, desculpa esfarrapada, ao"envolvimento com drogas".

É preciso separar o joio do trigo e não mais aceitar que pessoas que não pediram para nascerdoentes, tal qual um diabético ou um cardíaco, venham a sofrer tantas barbaridades, desde o preconceito até a morte, vez quea vida humana do dependente químico, banalizou-se, mas é tão valiosa quanto a nossa.

Há recuperção e centros especializadoes para tratar dependências químicas, incluindo os alcoólicos, que muitas vezes recusam aceitar que são portadores do mesmo mal. E são tantos os usuários da droga lícita chamada álcool, agora misturado com outra droga chamada red bull e congêneres.


Mata-se usuários como se matava passarinhos, antigamente; hoje,contudo, as espécies animais e vegetais têm proteção e amparo governamental, com a criação de órgãos específicos. Já os usuários de drogas, lícitas,ou ilícitas, apenas têm o amparo dos Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos.

Não entraremos na discussão sobre o tráfico de drogas ilícitas pois o objetivo do texto é o de buscar preservar a vida dos adictos, de usuários portadores de uma doença, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, que requer tratamento ae devida atenção das autoridades públicas, de modo muito mais vasto.

Devemos atentar, em primeiro lugar para a questão dos estigmas, rotulações e preconceitos entre usuários de substâncias psicoativas.

O alcoólico de hoje, sabe que o álcool é uma droga, mas se recusa em aceitar que é das mais perigosas de todas, inclusive pior que as ilícitas Pois bem, o alcoólico estigmatiza e tem preconceito quanto aos usuários de drogas e não se reconhece como um usuário de droga, o que na verdade é, como os demais adictos o são.

O cocainômano estigmatiza o maconheiro que estigmatiza o usuário de crack e, no final, os próprios adictos se estigmatizam e rotulam-se, esquecendo que todos são portadores de uma mesma doença: progressiva, incurável e fatal, mas que tem recuperação.

O preconceito agrava-se quando ele é resultante de campanhas desinteligentes, muitas vezes carregadas com tonalidades capazes de criar um clima propicio a histeria coletiva.

Hoje a questão das drogas ilícitas deve buscar tratamento diferenciado para os portadores da adicção, que não são um caso de polícia, mas de saúde pública e, assim deviam ser enxergados pelas autoridades policiais, que, salvo a oficialidade, possuidora de informações mais apuradas, ainda é mal tratada pelos escalões inferiores.

O viciado, usuário, doente, não é caso de policia. O tráfico é uma outra questão que acaba envolvendo o usuário, mas não se deve confundir um com o outro. Matar, também não resolve, pois é através da informação e não a queima de arquivo, que se pode esclarecer muita coisa aos variados organismos de inteligência.

Sabe-se, hoje em dia, que todas as drogas, licitas, ou ilicitas, romperam as fronteiras das classes sociais, sexo, credo e raça. 

Importantes personalidades, filhos(as) de personalidades importantes, estão no rol dos adictos e muitos pais sequer tem conhecimento. São médicos, advogados, policiais, delegados, empresários, rapaes e garotas de todas as  classes, que acabam ingressando no rol dos adictos. O filho do deputado, do importante desembargador, do general, do coronel, dos oficiais e uma legião de gente pobre fa uso de entorpecentes e derivados psicoativos. Uns podem faer isto em casa e receber a droga "delivery", outros têm que frequentar bocadas. É isso que você deseja para um familiar seu?

Nenhuma autoridade pública e nenhum bilionário está com sua família imunziada em relação a qualquer tipo de droga, portanto, toda a sociedade deve parar para refletir, repensar e, enquanto as inteligências superiores  atuam, de modo a melhor tratar a questão, humaniando o adicto e estabelecendo políticas de proteção e amparo, toda a sociedade deve buscar modificar a mentalidade de enxergar o problema e deixar de marginaliar, estigmatiar e agravar a doença dos portadores de qualquer tipo de dependência química, buscando preservar a integridade fisica e mental dos mesmos, vez  que estes, são uma questão de saúde pública, na qual a policia entra, por força das circunstâncias, pois o usuário compra drogas e, queira ou não, acaba se deixando envolver na busca da substância que o tornou um doente-dependente. Não significa que seja um marginal.

Não há, de parte das autoridades públicas, a criação de espaços em que "viciados" possam, livres da marginalidade, fazer uso permissivo, de certas substâncias, consideradas ilícitas, evitando que permaneçam em recintos e locais perigosos, misturando-se e expondo suas vidas à toa, além de permitir que policiais se deixem confundir, pela falta de informação passada pelos órgãos de inteligência. É importante que a mentalidade do policiais, menos instruído, não nivele tudo e todos por baixo.

Locais permissivos não significa locais abertos, mas centros reservados, onde profissionais possam conversar, educar, informar, instruir e convencer o usuário a tratar-se. Dessa maneira, o usuário fica livre da marginalidade, enquanto recebe apoio especializado, dado por profissionais competentes e gabaritados.

É preciso reorientar as policias para que não ocorram crimes contra doentes, que não pediram para nascer assim. é tão fundamental quanto o apoio e o amor dos entes queridos. Ouvir usuários é importantissimo para que se estabeleça uma política que os salvaguarde do mundo da marginalidade, enquanto agrava o grau do seu vício e dependência.

Um olhar mais humano e compreensivo torna-se imperativo, indistintamente de alguém ser pobre, ou rico.
Amparar e buscar orientar usuários a buscarem tratamento, sem humilhações, enxovalhos, ou violência.

Inteligentemente permitir que usuários não fiquem em antros de marginais, misturando-se aos mesmos, sujeitando-se a humilhações, pequenos furtos, "quebranças", e que possam ter os seus caminhos alternativos de saída, tranquila, em de busca de locais mais adequados e condientes, para fazer uso da substância que o tornou um dependente.

Este texto é apenas uma provocação destinada à reflexão, que visa prevalência da sensatez, dos mais letrados e ilustrados, quer sejam policiais, quer não.É um texto útil à segurança pública e aos profissionais de saúde.

Trata-se de uma questão tão abrangente, essa das drogas, que, do Presidente ao menor de todos na escala social do poder, merece detido exame, análise, reflexão e atitude, para que o joio não seja confundido com o trigo,e, ambos, misturados e postos como farinha em um mesmo saco.

Este é um apelo a quem tem poder de decisão, para detido exame e atenuação de um grave problema que aflige a família brasileira e a comunidade internacional, como um todo.
P.S.: Lembre-se de que muita gente diz:  e eu com isso, em minha casa não tem qualquer dependente? Pois se não tem, poderá vir a ter. Ame ao próximo como a si mesmo. Prevenir é melhor que remediar e salvar vidas é um ato humano meritório.Outro alerta: seu filho pode estar se iniciando nesta vida e, quanto a sua filha, não deseje que, por conta da dependência, ela se sujeite a vender o corpo. Nenhuma família, ninguém está imune a esses reveses da vida. Pense nisto!

Cartas de Bill W. a Jung, com respostal



Aqui está um capitulo de vital importância na história dos inícios do A. A., primeiramente publicado na GRAPEVINE, em janeiro de 1963, sendo reeditado em janeiro de 1968 e em novembro de 1974.

CARTA DE BILL, W. Janeiro 23, 1961.

Meu Caro Dr. Jung,

Esta carta há muito lhe deveria ter sido enviada.

Devo primeiramente apresentar-me ao Senhor como Bill W. um dos co-fundadores das sociedades dos Alcoólicos Anônimos. Embora seja provável que o Sr. Já tenha ouvido falar de nós, com certeza ignora que uma conversa que manteve com um de seus pacientes, Mr. Rowland, nos idos de 1930, tornou-se uma das regras fundamentais da nossa Sociedade.

Embora Mr. Rowland tenha nos deixados há muito tempo, o registro de sua inesquecível experiência, enquanto sob os seus cuidados, passou definitivamente para a nossa história e é a que passo a lhe relatar: Tendo Mr. Rowland esgotado todos os recursos para livrar-se do alcoolismo, tornou-se em 1931 seu paciente, permanecendo em tratamento, se não me engano durante mais ou menos um ano; após este tempo deixou-o cheio de confiança e com a mais irrestrita admiração pelo Senhor. Contudo para a sua enorme consternação, retornou ao velho hábito.

Convencido de que o senhor era a sua “tábua de salvação”, voltou ao tratamento. O relato do diálogo entre ambos veio a torna-se o primeiro elo de uma corrente de acontecimentos, que terminaram por induzir a fundação de nossa Sociedade.

A minha lembrança deste relato do encontro entre ambos é que se segue: primeiramente disse-lhe o Senhor francamente que não via esperanças para ele em novos tratamentos, fossem eles médicos ou psiquiátricos. Esta sua posição sincera e humilde foi, sem dúvida, a primeira pedra em que fundamentamos a nossa Sociedade.

Tal afirmação, vinda de quem ele tanto confiava e admirava produziu sobre ele o mais violento impacto.

Quanto ele lhe perguntou se então não haveria para ele alguma esperança, o Senhor lhe respondeu que poderia haver sim e que esta seria a de tornar-se o sujeito de uma genuína experiência espiritual ou religiosa - em resumo, de uma autêntica conversão. Tal experiência poderia motivá-lo mais que outra qualquer, disse-lhe o Senhor. Mas preveniu-o de que conquanto tais experiências tivessem acontecido a alguns alcoólicos, elas eram comparativamente raras. E recomendou-lhe que se colocasse em uma atmosfera religiosa e que esperasse. Esta foi a substância do seu conselho.

Prontamente Mr. Rowland juntou-se ao Oxford Group, um movimento evangélico de grande sucesso na Europa, movimento este que lhe deve ter sido familiar.

Certamente o Senhor se lembrara da grande ênfase que davam aos princípios de autovigilância, da confissão, da reparação e da doação pessoal ao serviço dos outros. Eles também praticavam a meditação e a prece intensivamente. E foi nesta prática que Mr. Rowland encontrou a experiência de conversão, que o libertou, finalmente, da compulsão de beber.

Voltando à Nova York tornou-se membro ativo do Oxford Group, entidade então conduzida pelo Dr. Samuel Shoemaker. Dr. Shoemaker havia sido um dos fundadores daquele movimento e a sua poderosa personalidade era carregada de imensa sinceridade e convicção.

Neste tempo (1932-34) o O. G. já havia recuperado um número de alcoólicos e Rowland, sentindo que poderia identificar-se com aqueles sofredores lançou-se, ele mesmo, no auxílio de outros. Um desses eram um velho companheiro de colégio meu, chamado Edwin T. (Ebby). Ele havia sido tratado por outra instituição, mas Mr. H. e um outro ex-alcoólico do O. G. contataram-se com ele e convenceram a retornar à sobriedade.

Enquanto isto, eu percorria os caminhos do alcoolismo, tentando cura-me por mim mesmo.

Felizmente, acabei sendo cliente do Dr. William D. Silkworth, que era maravilhosamente capaz de entender os problemas alcoólicos. E assim como o Sr. resgatou Rowland, assim também ele me resgatou do álcool.

Sua teoria era a de que o alcoolismo tinha dois componentes: por um lado uma obsessão que compelia o sofredor a beber, contra seu desejo e, por outro lado, uma espécie de dificuldade metabólica que ele chamava de alergia. A compulsão ao álcool garantia que o hábito de beber prosseguiria e a alergia fazia com que o sofredor entrasse em decadência, enlouquecesse ou morresse. Embora eu fosse um dos que havia julgado ser possível ajudar, acabou sendo obrigado a me confessar que já não via mais esperança para o meu caso. Eu deveria considerar o meu tratamento encerrado. Para mim isto foi uma bofetada. Assim como Rowland foi preparado pelo Senhor para a sua experiência de conversão, meu maravilhoso amigo também me preparou para semelhante experiência ao dar-me tal terrível veredicto.

Ouvindo falar sobre a minha recaída, meu amigo Edwin T. veio ver-me em minha casa, onde eu estava bebendo. Era novembro de 1934 e já fazia muito tempo que eu registrara meu amigo Edwin como um caso incurável. No entanto, ali estava ele, no mais evidente estado de sobriedade. Este estado de sobriedade certamente estava relacionado ao curto período em que ele esteve ligado ao Oxford Group e era naquele momento tão evidente, tão distinto de sua usual depressão que me foi tremendamente convincente. Por ser ele um irmão-sofredor comunicou-se comigo em tal profundidade que eu imediatamente senti que deveria buscar uma experiência igual a sua ou então morrer.

Voltei então aos cuidados do Dr. Silkworth; onde pude tornar-me novamente sóbrio, ganhando assim nova visão sobre a experiência da libertação do meu amigo e novo enfoque no caso de Howland H.

Livre mais uma vez do uso do álcool passei a me sentir terrivelmente deprimido, o que me pareceu ser devido a minha inabilidade de adquirir qualquer tipo de fé. Edwin T. visitou-me novamente nesse período, repetindo as mesmas fórmulas do tratamento do O. G. Quando ele me deixou, recaí na mais profunda depressão.

Desesperado, então gritei: - “Se existir um deus, que ele se mostre para mim”. Imediatamente, uma iluminação de enorme impacto e dimensão envolveu-me, uma coisa extraordinária que tentei descrever no meu livro Alcoholics Anonymous, bem como em “A.A. Come of Age”, textos básicos que lhe estou enviando agora.

Meu desligamento da obsessão pelo álcool foi imediato. Senti que me havia tornado um homem livre.

Logo em seguida a esta minha experiência recebi no hospital, das mãos de Edwin o livro de William James, “Varieties of Religious Experience”, livro este que veio me conscientizar que a maior parte das experiências religiosas, as mais variadas têm um denominador comum que é o colapso do ego, a sua queda no maior desespero. O inpíduo tem que se encontrar em uma situação extrema, frente a um dilema insolúvel. No meu caso esta situação, este dilema insolúvel nasceu da minha compulsão à bebida e um profundo sentimento de desespero mais ainda tomou conta de mim quando o meu amigo alcoólico comunicou–me o seu veredicto de incurável, dado a Rowland H.

Durante a minha experiência religiosa tive a inspiração de uma sociedade de alcoólicos em que cada um se identificasse com o outro e lhe transmitisse a sua experiência, em uma espécie de cadeia. Se cada sofredor tinha que dar a notícia do veredicto de incurável que a ciência médica conferia ao ingresso no tratamento, deveria também lhe colocar a possibilidade de uma abertura a uma experiência de transformação espiritual. Este conceito provou ter sido a base de posteriores conquistas dos alcoólicos anônimos. Isto fez com que as experiências da conversão, quase tão múltiplas quanto as citadas por W. James se tornassem disponíveis em larga escala.

Nossos associados somavam no último quarto de século o número de 300.000. Na América e através de todo o mundo eles chegam a formar 8.000 grupos de A. A.

Assim sendo, nós do A. A. fomos extremamente beneficiados pelo Senhor, pelo Dr. Shoemaker do Oxford Group, por William James e pelo nosso amigo, o médico Dr. Silkworth.

Como vê o Senhor claramente agora, esta espantosa cadeia de acontecimentos realmente começou há muitos anos, na sala do seu consultório e foi desencadeada pela sua humildade e profunda percepção.

Muitos elementos do A. A. são estudiosos de sua obra. O Senhor endereçou-se especialmente em sua direção devido a sua convicção de que o homem é mais que o intelecto, as emoções e dois dólares de medicamentos.

Os panfletos e outros materiais que lhe envio mostrar-lhe-ão o quanto a nossa sociedade vem crescendo, desenvolvendo o seu espírito de unidade e como ela vem estruturando as suas bases.

O Senhor gostará provavelmente de saber que além da experiência espiritual, muitos A. A. vêm ingressando em outras experiências psíquicas, com considerável força cumulativa.

Outros membros, depois de recuperados nos A. A. têm sido muito ajudados pelos seus assistentes e alguns são estudiosos do I Ching e do admirável prefácio que o senhor fez para este livro.

Esteja certo de que como ninguém mais o senhor ocupa destacada posição no afeto e na história de nossa sociedade.

Muito grato ao Senhor,

William G. W.

RESPOSTA DE JUNG. Janeiro 30, 1961.

Caro Sr. W.,

A sua carta foi-me realmente bem-vinda.

Não tive mais notícias de Rowland H. e muitas vezes desejei conhecer o seu destino.

O diálogo que mantivemos, ele e eu, e que ele muito fielmente lhe transmitiu teve um aspecto que ele mesmo desconheceu. A razão pela qual não pude dizer-lhe tudo foi que naquela época eu tinha que ser excessivamente cuidadoso com tudo o que dizia. Eu havia descoberto que estava sendo de todas as maneiras mal interpretado.

Portanto, tive que ser muito cuidadoso ao conversar com Rowland H. Mas o que eu realmente concluí sobre o seu caso foi o resultado das minhas inúmeras experiências com casos semelhantes ao dele.

A sua fixação pelo álcool era o equivalente, em nível mais baixo, da sede espiritual do nosso ser pela totalidade, expressa em linguagem medieval, pela união com Deus.

Como poderia alguém expor tal pensamento sem ser mal interpretado em nossos dias?

O único caminho correto e legítimo para tal experiência é que ela aconteça para você na realidade e ela só pode acontecer se você procurar um caminho que o leve a uma compreensão mais alta. E você poderá ser conduzido a esta meta pela ação da graça, pela convivência pessoal honesta com os amigos ou através de uma educação mais alta da mente, para além dos limites do mero racionalismo. Vi pela sua carta que Rowland H. escolheu a segunda opção que, nas suas circunstâncias era, sem dúvida, a melhor.

Estou firmemente convencido de que o princípio do mal prevalecente no mundo conduz as necessidades espirituais, quando negadas à perdição, se ele não for contrabalançado por uma experiência religiosa ou pelas barreiras protetoras da comunidade humana. Um homem comum desligado dos planos superiores, isolado de sua comunidade, não pode resistir aos poderes do mal, muito propriamente chamados de demônio. Mas o uso de tais palavras nos leva a tais enganos que temos que nos manter afastados delas, tanto quanto possível.

Eis as razões porque não pude dar a Rowland H. plena e suficiente explicação. Estou arriscando-me a dá-las a você por ter concluído pela sua carta decente e honesta, que você já adquiriu uma visão superior do problema do alcoolismo, bem acima dos lugares comuns que, via de regra, se ouvem sobre ele.

Veja você, “álcohol” em latim significa “espírito”, e você, no entanto, usa a mesma palavra tanto para designar a mais alta experiência religiosa como para designar o mais depravador dos venenos.

A receita então é “spiritus” contra “spiritum”.

Agradecemos você novamente por sua amável carta, eu me reafirmo.

Seu sinceramente,

C. G. Jung.

Fonte e crédito par Alcoólicos Anônimos, Área Bahia

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Os dez mandamentos da serenidade, Do Papa João XXIII

Os dez mandamentos da serenidade

Do Papa João XXIII

1. Só por hoje, tratarei de viver exclusivamente este meu dia, sem querer resolver todos os meus problemas de uma só vez.
2. Só por hoje, terei o maximo cuidado com o meu modo de tratar os outros, sendo delicado em meu modos, nao criticando/julgando ninguem, nao tentando melhorar ou disciplinar ninguem senao a mim mesmo.
3. Só por hoje, me sentirei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz, nao soh no outro mundo como neste tambem.
4. Só por outro, me adaptarei aas circunstancias sem pretender que as circunstancias se adaptem aos meus desejos.
5. Só por hoje, dedicarei pelo menos 10 minutos de meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me que assim como eh preciso comer para sustentar o corpo, assim tambem a leitura eh necessaria para alimentar a vida de minha alma.
6. Só por hoje, praticarei uma boa ação sem contar para ninguem.
7. Só por hoje, se for ofendido em meus sentimentos procurarei que ninguem saiba.

8. Só por hoje, farei um programa bem completo do meu dia. Talvez nao o execute perfeitamente mas, em todo caso, vou faze-lo. E me guardarei bem das suas calamidades - a pressa e a indecisao.
9. Só por hoje, serei firme em minha fé de que a Divina Providencia se ocupa de mim como se existisse somente eu no mundo, ainda que as circunstancias manifestem ao contrario.
10. Só por hoje nao terei medo de nada. Em particular, não terei medo de gozar do que eh belo e nao terei medo de crer na bondade.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Entrevista: Grupos de Extermínio

21 de outubro de 2007 



Segundo advogado militante dos direitos humanos, policiais fazem bico até em bordéis e desmanches; e há proporcionalmente mais bandidos na polícia que na sociedade brasileira. "Muita gente não sabe se foge do bandido ou da polícia. Isso gera uma instabilidade institucional no País e realmente abala o Estado de Direito. Na verdade o Estado de Direito não existe na periferia." afirma Ariel de Castro Alves. 

Quando algum político conservador ou policial, na tentativa de justificar excessos cometidos contra presos ou suspeitos de crimes, refere-se pejorativamente ao “pessoal dos Direitos Humanos”, muitas vezes deve estar pensando no advogado Ariel de Castro Alves. Aos 30 anos, o coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos e Secretário Geral do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, em São Paulo) costuma ser a pedra no sapato das autoridades que, sob a proteção de seus cargos, transgridem o Estado Democrático de Direito, torturando, matando, numa inversão de papéis muitas vezes amparada por amplos setores da sociedade. “A corrupção e as práticas ilegais, como a tortura e os extermínios são generalizadas e endêmicas nas forças policiais brasileiras”, diz. Ariel tem preparo e persistência suficientes para acompanhar aqueles casos que com o passar do tempo tendem a ser esquecidos pela própria polícia, pelos jornais e pela população. Ele seguramente ainda acompanha aquela morte sem solução ocorrida na antiga Febem (hoje Fundação Casa) paulista. E sabe de cor o número de mortes suspeitas – a maioria tendo policiais como protagonistas – ocorridas após os atentados do PCC em São Paulo, no ano passado. “Entre os dias 12 e 20 de maio de 2006, 493 pessoas foram assassinadas no estado de São Paulo, na maioria mortas pela própria polícia. Menos de 20 desses casos foram esclarecidos”, contabiliza. Atento à ação dos grupos de extermínio, Ariel tem opiniões contundentes sobre sua formação e a aparente aprovação de parte da sociedade. “Os grupos de extermínio fazem o trabalho sujo que a polícia muitas vezes gostaria de fazer”, afirma, em entrevista à Agência Repórter Social.“Os grupos de extermínio não agem nos Jardins, só atuam na periferia. Não exterminam empresários, nem mesmo criminosos de colarinho branco. O alvo é sempre pobre, jovem e negro, que seja morador da periferia. No Brasil, a desigualdade se apresenta até na hora da morte”. 
por Alceu Luís Castilho Repórter Social 

Repórter Social - Há uma percepção, pelo noticiário, que os grupos de extermínio aumentaram. É uma percepção correta? A que isso se deve? 

Ariel de Castro Alves - A percepção é correta. Na verdade, eles sempre existiram. Em alguns momentos são mais visíveis, em outros menos. Entre 2000 e 2003, em Guarulhos (SP), 52 pessoas foram executadas pelos grupos de extermínio. Em Ribeirão Preto, também no Estado de São Paulo, foram identificadas 23 mortes atribuídas aos grupos de extermínio. Em outros estados estes grupos continuam atuando, principalmente na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, também no Espírito Santo, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Em São Paulo, o novo fortalecimento desses grupos se deve à total impunidade. São 88 mortes em chacinas esse ano, principalmente na Zona Norte da Capital. Todas apresentam indícios da atuação de grupos de extermínio. Em Ribeirão Pires, no Grande ABC, foram oito mortes, com a suspeita de participação de seis policiais militares. Em Osasco, um grupo de extermínio é suspeito de ter matado 30 pessoas, e 20 policiais militares estão sendo investigados. 

Repórter Social - A impunidade em relação à contra-ofensiva da polícia de São Paulo aos ataques do PCC, que culminou na morte de dezenas de pessoas, serviu de estímulo para grupos de extermínio? 

Ariel - Certamente. Entre os dias 12 e 20 de maio de 2006, após os ataques do crime organizado, 493 pessoas foram assassinadas no estado de São Paulo. Na maioria dos casos foram mortas pela própria polícia, em supostas resistências seguidas de morte, e por grupos de extermínio. Porém, mais de um ano depois, menos de 20 casos foram esclarecidos. Isso gerou uma grave certeza de impunidade, fazendo com que os grupos de extermínio - sempre com a participação de policiais, principalmente militares - continuassem atuando livremente com a omissão e até conivência do Estado. 

Repórter Social - Que características, em geral, unem esses grupos? O que prevalece é simplesmente a postura de acabar com a criminalidade matando supostos criminosos? Esse raciocínio não encontra alguma receptividade na população? 

Ariel - Geralmente os assassinos atuam encapuzados, com armamento típico da Polícia Militar, matando jovens que em boa parte dos casos já têm passagens criminais ou estão em situação de risco e de marginalização. Os grupos de extermínio fazem o trabalho sujo que a polícia muitas vezes gostaria de fazer nas suas ações cotidianas, mas muitas vezes não pode, porque existe algum controle, mesmo que seja mínimo. Os membros dos grupos sabem que podem matar porque não haverá o interesse de esclarecimento dos casos por parte de seus próprios colegas ou superiores. Além disso, pelo perfil das vítimas, quase ninguém vai se importar, inclusive a própria sociedade. A população tem a ilusão que os grupos de extermínio contribuem com a sociedade e com a diminuição da criminalidade. O trabalhador que hoje aplaude a atuação desses grupos pode se tornar vítima amanhã. Se não for ele, mais tempo ou menos tempo, poderá ser seu filho, sobrinho etc. Para poder se tornar vítima desses grupos, basta ser pobre. Os grupos de extermínio não agem nos Jardins, só atuam na periferia. Não exterminam empresários, nem mesmo criminosos de colarinho branco. O alvo é sempre pobre, jovem e negro, que seja morador da periferia. 

Repórter Social - As milícias cariocas, os grupos de extermínio, são uma prova do descontrole da sociedade para com os órgãos de segurança pública? 

Ariel - Claramente mostram a total falência do Estado na área de segurança pública e social. Os grupos de extermínio, os traficantes, as facções criminosas e as milícias formam o Estado paralelo que consegue espaço exatamente em razão da ausência do Estado oficial. Infelizmente a polícia, ou os maus policiais, têm influência na existência deste Estado paralelo. O maior problema da segurança pública no Brasil está em suas próprias policias, além, é claro, das questões sociais e da enorme desigualdade e concentração de renda que temos no País. A corrupção e as práticas ilegais, como a tortura e os extermínios são generalizadas e endêmicas nas forças policiais brasileiras. Antes do filme "Tropa de Elite", as entidades de direitos humanos sempre denunciaram essa realidade da polícia brasileira, mas as imagens valem mais que mil textos e palavras. Outro problema grave é a privatização da segurança. A polícia brasileira está desmantelada e miserável. Para que os policiais recebam "caixinhas" e os batalhões, distritos policiais e quartéis recebem material mínimo para manter as viaturas e os computadores, precisam prestar serviços para comércios, bancos, indústrias etc. Além disso, a pratica do "bico" é disseminada até onde a polícia deveria combater, como em boates de prostituição e desmanches de veículos. As empresas privadas de segurança também são, geralmente, de propriedade de policiais, inclusive das cúpulas das policias, que, na prática, investem na insegurança pública para vender serviços de segurança privada. Diante dessa tragédia que vivem as policias brasileiras, não adianta ter PAC da Segurança e tantos planos. Falta o plano para legalizar as policias! Também falta orçamento para a área social. Se não continuaremos tentando enxugar o chão com a torneira aberta. 

Repórter Social - Qual a dificuldade do Estado em combater esses problemas de criminalidade dentro da polícia? 

Ariel - Historicamente, o próprio Estado, a polícia e a Justiça no Brasil sempre serviram para proteger os ricos e massacrar os pobres. Não existe vontade política para combater as mazelas nas policias. Muita gente ganha com isso. O Estado só combate esses problemas pontualmente quando há veiculação na mídia. Se não, não há o mínimo interesse. Para as classes dominantes e para boa parte dos políticos interessa esse tipo de polícia, para manter os privilégios e para promover ações de impacto nas vésperas das eleições, gerando uma aparente sensação de segurança com megaoperações e assassinatos, mas que na prática, efetivamente, não diminuem em nada a criminalidade e não geram a resolução de crimes. Proporcionalmente, existem mais bandidos dentro das polícias brasileiras do que na sociedade. O corporativismo é muito grande. Enquanto a polícia investigar a própria polícia, jamais teremos punições sérias e exemplares. Só em casos isolados. Além disso, o Estado tem dificuldade em combater os crimes da polícia já que os criminosos que se beneficiam da corrupção policial não vão mesmo denunciar; as vítimas e testemunhas são ameaçadas ou mortas, e uma boa parte da sociedade é conivente com a corrupção e a violência policial, tanto que o capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, está virando herói nacional. 

Repórter Social - Uma das grandes dificuldades para punir crimes como os praticados pela polícia está no medo das testemunhas. O Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana) tem identificado alguma melhora no sistema de proteção às testemunhas? 

Ariel - Existem alguns programas de proteção a testemunhas como o Provita (Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas) - uma antiga reivindicação das entidades de direitos humanos. Porém, esses programas têm poucas vagas, não atendem a demanda. Também impõem tantas limitações e dificuldades para a vida da pessoa, que poucas resolvem colaborar com a Justiça. Eu mesmo não gostaria de integrar esses programas. É até melhor correr riscos ou deixar de denunciar. Esses programas precisam ser reformulados e precisam se tornar mais acessíveis. Uma das testemunhas de uma chacina praticada por grupos de extermínio no Parque Bristol, em São Paulo, em maio do ano passado, foi assassinada logo após sair do hospital. O governo tinha sido avisado e nada fez. E agora ninguém é responsável por nada. 

Repórter Social - Qual a conseqüência disso tudo para a percepção que as pessoas têm do Estado Democrático de Direito? É muito comum na periferia se ter mais medo da polícia que dos bandidos? 

Ariel - Muita gente não sabe se foge do bandido ou da polícia. Isso gera uma instabilidade institucional no País e realmente abala o Estado de Direito. Na verdade o Estado de Direito não existe na periferia. Geralmente as pessoas só conhecem o Estado paralelo: o crime organizado; a polícia violenta e corrupta e a total ausência de políticas públicas de inclusão social, geração de renda, habitação etc. As pessoas não acreditam nas instituições, por isso temos visto com freqüência os linchamentos, homicídios e outras formas de violência que poderiam ser evitadas se a polícia e a Justiça tivessem maior atuação e credibilidade. Além disso, a impunidade no Brasil é muito grande. Só 2% dos crimes são esclarecidos e os responsáveis punidos. Com relação aos homicídios, só 5% são resolvidos. Muito se fala em mudar as leis, mas o que inibe o criminoso não é o tamanho da pena e sim a certeza de punição. No Brasil é o contrário, é a certeza de impunidade. Se a vítima for pobre as chances de resolução do crime são ainda menores. Podemos ver pelos casos do Carandiru, que completou 15 anos, o Massacre dos Moradores de Rua de São Paulo, Carajás, Corumbiara, Candelária, Baixada Fluminense e tantos outros. As autoridades tratam as vidas dos pobres como descartáveis. Pobre no Brasil só é lembrado nas eleições. Depois, nem na hora da morte o Estado dá valor. 

Repórter Social - No que se refere aos políticos, há a questão eleitoral. Direitos humanos não dão voto, e pesquisas mostram que a população apóia esse tipo de barbárie. Um caso emblemático foi o de José Genoíno, do PT, falando de pôr a "Rota na rua" (expressão conhecida como quase uma senha para a polícia matar mais), na campanha para governador de São Paulo, em 2002. O pragmatismo político perpetua essa situação? 

Ariel - Não é nem pragmatismo, é oportunismo e demagogia. Tentam iludir a população, mas quando estão no poder, seja no parlamento ou no executivo, pouco fazem para diminuir a violência. Defendemos a reformulação das policias, a unificação da Polícia Militar com a Polícia Civil; um forte investimento em formação, plano de carreira e salários dignos aos policiais; controle externo e punições exemplares de maus policiais que prejudicam seus colegas, geram mortes e uma péssima imagem às instituições. A maioria dos policiais são honestos e pais de famílias, eles deveriam se unir para acabar com a "banda podre". A polícia precisa de estrutura para trabalhar, não pode ficar com o chapéu na mão pedindo favores de comerciantes. Precisa de viaturas, armamentos, coletes, treinamento. Há um sucateamento das forças policiais. Pouco se investe no trabalho de inteligência, nos Institutos de Criminalística, nos Institutos Médicos Legais (IMLs), nas polícias investigativas e técnico científicas. Só o policiamento de rua não tem eficácia no combate ao crime. A Polícia Federal tem dado bons exemplos, sem nenhum tiro, tem esclarecido crimes e detido criminosos de alto escalão, como o traficante colombiano preso recentemente, depois de três anos, supostamente, pagando propina para policiais civis de São Paulo. Agora, sobre a violência policial, muitas pessoas defendem até serem atingidas diretamente. O policial violento e corrupto pode vitimar qualquer pessoa. 

Repórter Social - O jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi baleado recentemente, no entorno de Brasília, quando apurava reportagem sobre extermínios delegados pelos chefes do tráfico aos adolescentes. Foi a principal notícia do último mês em Brasília, como não poderia deixar de ser. Mas não há uma percepção, entre os pobres, de que só vítima "bacana" e da elite vira notícia? 

Ariel - Temos que entender qualquer atentado contra um jornalista como um atentado contra toda a sociedade, às instituições e à democracia. O repórter estava fazendo uma reportagem visando modificar a situação que ele estava constatando. O caso é tão grave que há risco até em tentar apurar. Nesse caso a violência repercutiu por ser um atentado contra toda imprensa e deveria mesmo repercutir. Assim como esperamos que isso nunca mais ocorra. Temos que lembrar da barbárie que atingiu o Tim Lopes. No Brasil ser jornalista ou defensor de direitos humanos, se tornaram missões de alto risco. Defender as leis e a Constituição está muito arriscado. Isso mostra que realmente estamos no fundo do poço. Agora, sabemos que quando as vítimas são pobres, poucos clamam por Justiça. A repercussão é pequena. As mortes de jovens, pobres e negros se tornaram cotidianas e foram banalizadas. Muitas das chacinas na periferia são justificadas pelas autoridades como brigas por drogas, como se os usuários de drogas devessem morrer. Nesses casos, além da pequena repercussão na mídia, não vemos passeatas pela paz, muito menos investigações imediatas. Agora, quando as vítimas são de classe alta, a imagem é sempre de pessoas altamente idôneas. Gera uma grande comoção social e todos policiais em serviço e mesmo os que estavam de folga são empregados no esclarecimento urgente do crime. Passeatas e caminhadas são realizadas. No Brasil, a desigualdade se apresenta até na hora da morte. 

fonte: Da Agência Repórter Social (www.reportersocial.com.br) 

UM GUIA PARA A FAMILIA DO ADICTO E DO USUARIO DE DROGAS

UM GUIA PARA A FAMÍLIA DO ADICTO E DO USUARIO DE DROGAS

A melhor defesa de uma família para o impacto emocional do abuso de drogas é adquirir conhecimento, alcançando assim a maturidade e a coragem que são necessárias para torná-lo efetivo.

Pessoas que são capazes de ajudar adictos ou usuários, fora de sua família, tornam-se confusas e destrutivas, quando um membro de sua própria família se envolve com este problema. O parente mais próximo ou a pessoa que se sentir mais responsável pelo dependente, em geral, precisa de mais assistência e orientação do que o próprio “usuário”.

Dependência química é uma doença que tem um impacto tremendo sobre os familiares mais próximos mais afetados são os pais, maridos ou mulheres, irmãs e filhos. Quanto mais distorcidas ficam as emoções destas pessoas ,mais inadequada fica a sua ajuda. A internação entre o usuário de drogas e sua família pode e freqüentemente se torna destrutiva em vez de construtiva.

Por exemplo, os mais chegados ao usuário ou adicto podem achar-se culpados por todas as suas dificuldades. Isto pode chegar a um ponto em que começam a ter medo diante da possibilidade de que isto seja verdadeiro. Contudo, a adicção é uma doença. Ninguém é responsável pela dependência de drogas de outra pessoa ou pela sua recuperação. No entanto, por falta de conhecimento, aqueles mais chegados ao dependente podem permitir que a doença passe despercebida, apoiar o seu desenvolvimento e contribuir para que o tratamento seja evitado. Através da compreensão do problema e com coragem, o familiar pode tomar atitudes que levam o dependente a uma recuperação antecipada – apesar de que esta recuperação não pode ser absolutamente assegurada.

As pessoas diretamente envolvidas na vida do dependente não podem “tratar” da doença. Nenhum medico se automedica numa doença grave, e poucos atuarão como médicos para a sua própria família, especialmente marido e mulher, pais e filhos. A medida que o abuso de drogas progride, aqueles mais próximos do dependente ficam emocional mente envolvidos. A melhor ajuda que eles podem dar, inicialmente, é procurar auxilio e orientação para a sua própria situação, para que eles não atuem como facilitadores apoiando o padrão progressivo da doença da dependência química. Os erros cometidos por pais e parentes próximos, cheios de boas intenções, são inacreditáveis e, na maioria das vezes, tornam mais difícil à recuperação do dependente de drogas.

Antes de mais nada, é preciso compreender que a família pode fazer tudo que é conhecido e dado como certo, porém a doença pode prosseguir in controlada. No entanto, se a família estiver disposta a aprender os fatos reais sobre o abuso de drogas e dependência química, e fazer o uso desse conhecimento, as possibilidades de recuperação aumentam consideravelmente. Na realidade, a melhor forma de ajudar na recuperação de qualquer adicto ou usuário, é remover a ignorância, adquirir uma atitude adequada – baseada no conhecimento – e ter coragem de praticar estes princípios, quando estiver lidando com o dependente. Começar de forma habitual, na tentativa de ajudar o dependente a parar de usar drogas, sem primeiro aprender a olhar atentamente as próprias reações e tentar fazer esforço efetivo de mudanças em si mesmo,simplesmente fará a situação piorar. 

Inicialmente, precisamos compreender que os problemas da dependência química não estão somente nos químicos, mas nas pessoas que estão usando estes químicos.

No entanto,a recuperação verdadeira só começa quando a pessoa inicia o seu afastamento completo do uso de drogas, do álcool ou de outras substancias que alteram a mente. Recuperação é algo semelhante á construção de uma arco gótico. Existem fundações invisíveis, muitas pessoas podem colocar varias pedras no arco, mas a pedra angular tem que ser colocada pelo próprio dependente, senão a estrutura toda cai. Ninguém pode fazer pelo dependente aquilo que só ele pode fazer por si próprio. Você não pode tomar remédio pelo paciente e esperar que o paciente se beneficie. Opções e decisões tem que ser feitas e tomadas pelo dependente, por vontade própria, para que a recuperação ocorra em bases permanentes.

É assustador como o dependente controla a família, especialmente pai e mãe, a mulher ou o marido. O dependente usa drogas cada vez mais. A família berra,grita, esbraveja, implora, pede, reza, ameaça e pratica o silencio como o remédio. Mas, também, encobre, protege e defende o dependente das conseqüências do uso de drogas...

A recuperação de qualquer doença grave pode levar um tempo considerável, podendo acontecer recaídas. O mundo não vai acabar se depois se um período sem drogas, o dependente retornar o uso. Se a família não entrar em pânico e retornar á forma destrutiva anterior de lidar com o problema, o escorregão pode ser usado com vantagem e servir como uma lembrança valiosa de que a primeira pílula ou gole ou tapa tem que ser evitados. No processo de recuperação não se pode esperar que toda a ação compulsiva desapareça da noite para o dia. A família pode ate questionar o envolvimento intensivo do dependente com o seu grupo ou com a sua terapia, pois ele pode se tornar tão compulsivo no seu tratamento em recuperação,como era em sua adicção. Isto pode ser ainda mais verdadeiro, se sua terapia inclui a participação num programa de recuperação. Ele/ela pode frequentar todas as noites as reuniões de uma dessas organizações, se associando com outros que estão tão intensamente dispostos em conseguir e manter suas recuperações.


A melhor maneira para um familiar não se ressentir dessa situação, é a esposa, pai ou mãe, ou amigo se juntar ao NAR-ANON, o grupo para familiares do dependente de drogas. Os grupos familiares NAR-ANON proporcionam discernimento e compreensão para os diversos problemas e dilemas que os membros da família de um dependente tem que enfrentar. O programa é tão vital para a recuperação emocional da família, como é a participação neste “problema” especifico. A recuperação da dependência de drogas inclui restabelecimento da doença emocional de todos os membros da família. Se o dependente se recuperar emocional mente e os familiares não, pode haver uma ruptura grave na estrutura familiar. A família precisa crescer emocional mente, tanto antes, quanto durante e depois que o dependente estiver recuperado ou pode ocorrer um serio afastamento.

O momento para a família começar a trabalhar a sua própria recuperação emocional é agora. E a maneira de começar ajudar na recuperação do dependente é começar a trabalhar a si mesmo.

(O texto não reproduz a íntegra odo texto original que está publicado no site da Clínica Atibaia

sábado, 1 de janeiro de 2011

Carta aberta a minha família


Sou um usuário de drogas. Preciso de ajuda.
Não resolvam meus problemas por mim. Isto somente me faz perder o respeito por vocês.
Não censurem, não façam sermões, não repreendam, não culpem ou discutam, esteja eu drogado ou sóbrio. Isto pode fazer vocês se sentirem melhor, mas só vai piorar a situação.
Não aceitem minhas promessas. A natureza da minha doença me impede de cumpri-las, mesmo que naquele momento tencione fazê-las. As promessas são meu único meio de adiar a dor. E não permitam mudanças de acordos. Se um acordo foi feito, mantenham-se firme nele.
Não percam a paciência comigo. Isto destruirá vocês e qualquer possibilidade de me ajudarem.
Não permitam que sua ansiedade por mim faça vocês fazerem o que eu deveria fazer por mim mesmo.
Não encubram ou tentem poupar-me das consequências do meu uso de drogas. Isto pode diminuir a crise, mas fará a minha doença piorar.
Sobretudo, não fujam da realidade como eu faço. A dependência de drogas, minha doença, torna-se pior enquanto eu persistir no uso.
Comecem agora a aprender, a compreender e a fazer planos para a sua recuperação. Procurem o Nar-Anon, grupos que existem para ajudar as famílias daqueles que abusam das drogas.
Preciso da ajuda - de um médico, de um psicólogo, de um conselheiro, e de um adicto em recuperação que encontrou a sobriedade em Narcóticos Anónimos, e principalmente de Deus. Eu não posso ajudar a mim mesmo.
Seu usuário.

Grupos Familiares NAR-ANON do Brasil
http://www.naranon.org.br

Crédito do site:

10 TRAÇOS DO CO-DEPENDENTE

10 TRAÇOS DO CO-DEPENDENTE- Crédito Salve a Si
  1. O co-dependente é guiado por uma ou mais compulsões.
  2. O co-dependente é compelido e atormentado pelo jeito que as coisas eram na família disfuncional de origem.
  3. A auto-estima (e muitas vezes a maturidade) do co-dependente é muito baixa.
  4. O co-dependente tem certeza de que sua felicidade depende de outros.
  5. Do mesmo modo, o co-dependente se sente extremamente responsável pelos outros.
  6. O relacionamento do co-dependente com o cônjuge ou outra pessoa significativa é desfigurado pelo instável desequilíbrio entre dependência e independência.
  7. O co-dependente é um mestre da negação e da repressão.
  8. O co-dependente se preocupa com coisas que não pode mudar e é bem capaz de tentar mudá-las.
  9. Além disso, a vida do co-dependente é pontuada por extremos.
  10. Para finalizar, o co-dependente está sempre procurando por alguma coisa que falta em sua vida.

Adicção Também é Uma Doença da Família

Adicção Também é Uma Doença da Família

19 Novembro 2004  |  Publicado por Editor BRAHA em Cultura das Drogas, Informações Interessantes

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Adicção é uma doença familiar. Esta doença afeta emocionalmente e fisicamente o adicto e afeta também dramaticamente as relações com as pessoas que têm envolvimento com o adicto. O amigo ou o famíliar, se preocupa tanto com esta pessoa que são facilmente envolvidos na loucura de seu comportamento. Começamos a centrar toda a nossa atenção no adicto e fazer tentativas de controlar e corrigir a vida dele ou dela. Esta é nossa forma da doença (doença da família).
Nosso comportamento, apesar de bem intencionado, torna-se tão louco quanto o do adicto. Nós começamos a procurar evidências de uso e a nos concentrar nas coisas nós pensamos poder fazer para conseguir que eles deixem de usar. Nos comportamos: jogando as drogas na privada, destruindo os instrumentos de uso, importunando, brigando, reclamando, discutindo e negociando - tudo sem resultado. Todo nosso esforço e raciocínio é dirigido para o que o viciado está fazendo ou deixando de fazer. Esta é nossa obsessão.

Ver um outro ser humano se matar com cocaína, álcool ou outra droga é doloroso. O viciado gasta altas somas de dinheiro aparentemente desinteressado sobre suas contas, seu trabalho, sua família , ou a condição de sua própria saúde. Além disso, a possibilidade de prisão, a violência potencial dos traficantes de droga e o comportamento irracional do adicto (devido à paranóia deles/delas), atormenta as pessoas que os cercam.

Nós começamos a preocupar. Nós arrumamos tudo: dando desculpas, pagando as contas e dívidas deles/delas, falando mentiras para encobrir o comportamento do adicto e tentando reparar relações danificadas. Aí então nós nos preocupamos um pouco mais. Esta é nossa ansiedade.

Com o tempo, a situação e o comportamento do adicto nos deixam bravos. Ficar constantemente encobrindo-os, aguentar repetidamente situações embaraçosas, e perceber que o viciado não está levando a sério suas responsabilidades acaba nos afetando. Muitos de nós sentimos uma hostilidade constante e raiva contra nós mesmos. Nós começamos a nos sentir usados e sem amor - e queremos reagir por causa da dor e frustração causada pelo descontrolado abuso de droga . Nós às vezes perdemos nossa paciência, fazendo ameaças vazias, nos agarramos no passado ou simplesmente permanecemos desesperadamente silenciosos. Esta é nossa raiva.

Às vezes nós fingimos que tudo está OK, aceitando promessas do adicto. Nós queremos acreditar que o problema foi-se embora cada vez que o abuso de drogas pára temporariamente. Quando todo bom senso nos diz que há algo definitivamente errado com as ações e atitudes do adicto, nós ainda nos escondemos de nossos sentimentos e do que nós já sabemos. Esta é nossa negação.

Possivelmente o sentimento mais devastador que nós experimentamos como resultado de viver com o adicto é o medo que não sejamos suficientemente inteligentes ou bons para ter resolvido o problema para aquêle que nós amamos. Nos sentimos de alguma maneira responsáveis de que poderia ter sido algo que nós fizemos ou que deixamos de fazer. Este é nosso sentimento de culpa.

Ao alcançar um ponto de desespero emocional, nós vamos ao grupo de mútuo-ajuda inicialmente buscando ajuda para o viciado. Nós queríamos alguém para nos contar como resolver nosso problema porque sabíamos que já não pudíamos lidar com isto sozinhos. Nos sentíamos aprisionados por responsabilidades, desamparados e sózinhos. Ao mesmo tempo, alguns de nós até nos sentíamos cheio de razões e arrogantes.

No grupo de apoio, nós nos damos conta dos problemas e aprendemos que nossa maneira de raciocinar tem que mudar para começar a achar soluções. No Grupo de Apoio, nós aprendemos a lidar com nossa obsessão, ansiedade, raiva, negação e nosso sentimento de culpa. É através do companheirismo que nós minoramos nosso desespero emocional compartilhando nossa experiência, força e esperanças com os outros. Trabalhando os Doze Passos de recuperação, nós tentamos mudar nossas atitudes, aprender sobre nossa responsabilidade para com nós mesmos, descubrir sentimentos de auto-valorização, amor e crescemos espiritualmente. O enfoque começa a mudar do adicto e se torna dirigido para nossas próprias vidas.

Fonte: JACS Brasil
Site relacionado: www.pletz.com/jacs/artigos/artigos_002.htm

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Credito: Braha

Frase de Carl Gustav Jung

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