terça-feira, 27 de março de 2012

Procurar as qualidades, Narcóticos Anônimos

Meditação do Dia
TERÇA, 27 DE MARÇO DE 2012

Procurar as qualidades
"De acordo com os princípios de recuperação, tentamos não nos julgar, impor ou moralizar uns aos outros." Texto Básico, p. 12 

Ao longo da nossa recuperação, quantas vezes compreendemos mal o comportamento de outra pessoa, formando imediatamente um julgamento, rotulando-a e enfiando-a num canto? Talvez eles tenham desenvolvido uma concepção de Poder Superior diferente da nossa, e por isso concluímos que as crenças deles não eram espirituais. Ou talvez tenhamos visto um casal a discutir e presumimos que a relação deles era doente, descobrindo depois que o casamento deles prosperou por muitos anos. Classificar os nossos companheiros em várias categorias, sem pensarmos, poupa-nos o esforço de sabermos seja o que for acerca deles. Sempre que julgamos o comportamento de outra pessoa, deixamos de vê-la como um potencial amigo e companheiro de viagem no caminho da recuperação. Se perguntássemos àqueles que estamos a julgar se eles gostam de ser estereotipados, receberíamos como resposta um "não" bem sonoro. Sentir-nos-íamos desrespeitados se nos fizessem o mesmo? Com certeza que sim. Nós queremos que os outros notem as nossas melhores qualidades, da mesma maneira que os nossos companheiros, adictos em recuperação, querem que os outros pensem bem deles. O nosso programa de recuperação pede-nos que olhemos de uma forma positiva para a vida. Quanto mais nos concentrarmos nas qualidades dos outros, mais iremos notar essas qualidades em nós mesmos. 

Só por hoje: Vou meter de lado os meus julgamentos negativos dos outros e, em vez disso, vou concentrar-me em apreciar as qualidades favoráveis de cada um.

GAROTO COCAÍNA

GAROTO COCAÍNA

Neste beco não há saída.
Seu traficante estará aí?
Hoje teremos uma noite fria.
Por que você não vai descansar e ver...
Tudo que uma noite de sono pode fazer.
Você é só memória.
Você é só lembrança.
Meu garoto cocaína.

Estou desfocado hoje.
Procurando uma razão.
Procurando um amigo.
Estou em volta do meu umbigo.

O morro nunca esteve tão pra baixo.
Essa ladeira nunca levou tão pra baixo.
Um inferno inteiro.

Seus cortes infeccionaram.
Seu nariz sangra como uma garota menstruada.
Seu dinheiro queima como fogo cru.
Você tem uma arma?
Você deveria ter uma arma contra si mesmo.

Você é só um fantasma.
Você é só um espectro.
Você é só você mesmo.
Meu garoto cocaína.

Drenando sua loucura.
Aspirando um mundo invisível.
Cheirando à merda.
Seu cão lambeu sua cara com nojo.
Seu vômito tem tudo, menos comida.
Por que você não faz um bem a si mesmo?
E some deste mundo para sempre.
Você...
Você...

            Escrevi isso há tempos. Assim me via, assim era. Fato. E a cada vez que relia, mais doía. Parecia que seria assim no início apenas. 5 anos, e só piorava. 10 anos, o inferno consumia. 15 anos, desilusão. Chega-se então em 2011, eu pego esse texto e, perplexo, notei que era o mesmo... apenas (bem) mais velho. 20 anos de vício, de dor, de consumação, auto-piedade, sofrimento. 20 anos devotados a uma deusa inócua... cocaína.
            Às vezes eu não sabia onde eu terminava e onde a cocaína começava. O que era meu sangue ou o que era o sangue dela. Se eram minhas lágrimas ou a droga cuspindo através de mim. Muitas vezes meu nojo era do mundo, evoluía até se tornar raiva da droga e o gran finale era o ódio flamejante de mim mesmo, expressado através dos inúmeros cortes pelo corpo, as poças de sangue pelo chão, os pratos com resto de cocaína sendo lambidos com sofreguidão... queria mais e mais droga dentro do corpo, queria vomitar até a exaustão, desmaiar e bater a cabeça... a morte era ansiada, cortejada, desejada. Nessas horas o traficante vira Deus, pois nem sair de casa eu conseguia. Ele mandava as doses diárias de morte até mim.
            Não sou mais garoto. Não sou mais um monte de cocaína. Mas preciso ler esses textos pra lembrar de onde vim e para onde não quero voltar nunca mais. Eu era uma coisa. Hoje sou alguém.


sábado, 17 de março de 2012

Um guia para confecção do seu quarto passo


Isto é um modelo daquilo que pode ser um minucioso inventário do Quarto Passo. Embora queiramos ser o mais minuciosos possível, podemos sentir, especialmente na nossa primeira tentativa, que não conseguimos responder a todas estas perguntas. De facto, muitos de nós sentimos que isto é demasiado, mas não deixemos que isso nos impeça de ser o mais minuciosos possível."


O Quarto Passo em Narcóticos Anónimos

“Fizemos um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.”

Este guia destina‐se a ser um auxílio para escrever um inventário do Quarto Passo. É extremamente importante que o façamos com o nosso padrinho ou madrinha de NA. Se ainda não tens um(a), esta é uma boa altura para encontrares um(a) que possa guiar‐te através destes passos. Depois de leres este guia sozinho, sugerimos que o leias outra vez juntamente com o teu padrinho ou madrinha antes de dares início ao Quarto Passo. É também bom que uses outra literatura de NA, bem como as reuniões de passos, a fim de obteres mais informação sobre o Quarto Passo. Há muitos métodos de escrever inventários, e não existe uma maneira certa para toda a gente. Este guia representa a experiência, a força e a esperança de muitos adictos que encontraram a recuperação em Narcóticos Anónimos. Seja qual for o método, o nosso Quarto
Passo será bem sucedido se for minucioso e destemido.

recuperação é pra quem quer, não para quem pode!

 

Posted by Picasa

quarta-feira, 14 de março de 2012

Visitando blogs

Visitei o blog Amando e ajudando um dependente químico e, de cara, deparei-me com uma imagem espetacular: um par de alianças. Ela, a editora do blog, manifesta sua felicidade que se espelha na escolha da ilustração do seu texto. Faltam dez dias para a concretização de uma aliança e ela tem o maridão limpo. Ela é uma codependente que escreve para suas amigas e talvez não saiba que tem leitores do gênero masculino e mais que isso, também é lida por - pelo menos - um adicto em recuperação. Que tudo dê certo para o casal feliz!

Passei também pra ver como vai a relação bonita que a editora do blog Amando um Dependente Químico mantém com seu esposo, limpo há 05 meses e 12 dias. Ela lembra a reportagem do Fantástico do último domingo, falando na justiça terapêutica. Já havia dito que tal matéria televisiva robustecia minhas convicções contra internações involuntárias, que é diferente da compulsória. Ela, em sua luta persistente, causa admiração. É mais uma codependente em recuperação que segue à risca o que aprendeu e continua aprendendo. Está grávida e que o fruto do amor do casal tenha um lar doce lar, como se dizia nos tempos de outrora. Também torço pelo sucesso dela e do maridão, que é um cara de muita sorte. 
Eu escolhi amar foi mais outro blog que visitei. A editora manifesta, também, seu contentamento em ver a evolução afirmativa da recuperação do seu companheiro, que, por sua vez, ainda evita alguém que, talvez, não devesse evitar. Orgulho, ressentimento, muitas vezes quase acabou com minha vida. Olho com parcimônia estes sentimentos. A autora do blog é especialista em enxaqueca. Ela discorre muito bem sobre o tema. Ela me fez recordar Nengo Vieira, que residiu em um mesmo condomínio que residi.  Conheço os filhos dele. O mundo tornou-se pequeno, mesmo. Maré mansa... vou ouvir ! 

Em Valeu a pena - A jornada de uma codependente ela tenta explicar a razão de não haver razão para que o marido dela tenha ciúme do amor que ela ainda nutre por um adicto. Existem tantas modalidades de amor, tipo: amor maternal, amor filial, amor fraterno, amor exigente, amor de pai, amor de filho, amor a Deus, amor à vida e o amor que também é carnal. O amor que ela nutre é o que chamamos de amor ao próximo; é o amor que ainda faz parte de uma doença chamada codependência. Deste amor ela só será liberta quando conseguir ver o "adicto" da vida dela limpo e em recuperação. Ela defende a vida deste adicto com paixão que, muitas vezes alguém pode promover indagações incabíveis.

E o que dizer do blog Procurando Eu! ? que é o meu predileto?! que me assusta quando as postagens demoram de sair. Algo tipo sintomático de quem falta às reuniões... Nada disso, eu sei. Nele há muito conteúdo para se apreciar. O último post publicado versa sobre o "medo do adicto"

¨Meus familiares¨ ainda são o que deixei a cerca de 60 dias atrás. Eles não mudaram, não se redescobriram, não se recuperaram. "

Bem, é uma carta depoimento comovente que merece ser lida na íntegra por todos os que vivem o problema da adicção, incluindo os estudiosos e profissionais do ramo. 

Cicie é um anjo. Inteligente e com um preparo extraordinário no que concerne adicção e codependencia. O amor dela é incondicional e é tão bom quando ela diz "te amo" incondicionalmente. Ela me faz bem e o blog tem a cara dela, o jeito dela, a honestidade, a mente aberta e a boa vontade de que tanto precisamos. É reconfortante visitar e ler o que ela produz. Beijos, amiga do coração!

Seguindo os passos

Percorria, junto com um padre jesuíta, as dependências do Museu de Arqueologia e Etnologia, quando o padre parou e ficou a examinar a beleza de um arco. Perguntei a ele sobre um pequeno grupo de tijolos que se sobressaiam dos demais e ele me disse: esta é a "chave da volta", isto é: a cunha, ou pedra angular. Retirando-a, tudo vem abaixo. 

Ontem li no Grupo Carmo Sion de A.A. um interessante artigo sobre o quinto passo e, como não poderia deixar de ser, sobre o quarto passo, por tabela. 

Hoje a reflexão diária do A. A. diz respeito ao terceiro passo como sendo fundamental na trilha que estamos a percorrer e que se resume nos doze passos do programa, até alcançarmos nosso esperado despertar espiritual.  É o passo da entrega, decisivo. Abrimos a porta da nossa recuperação:

"o Terceiro Passo pede uma ação positiva, pois é somente através de ação que conseguimos interromper a vontade própria que sempre impediu a entrada de Deus - ou, se preferir, de um Poder Superior - em nossas vidas"...

A meditação diária de Narcóticos anônimos cuida das RELAÇÕES e nos remete ao quarto e quinto passo. No quarto passo devemos escrever sobre nós, nossa vida, sem nada querer ocultar, por isso mesmo é o passo em que expomos para nós mesmo nossas mazelas. Não é fácil, mas é necessário até que venhamos a sofrer o partilhar dos nossos segredos. Fiz o quarto e o quinto passo em fevereiro de 2009. Tendo sofrido uma de tantas recaídas, voltei a uma clínica, desta vez, de modo voluntário, mas, sob o regime involuntário. 

Todos os dias eu ia fazendo uma espécie de diário, onde expunha tudo. Os companheiros, que ainda  não compreendiam os passos desdenhavam. "Vamos, cara, você precisa sair desse isolamento, jogar buraco", diziam os companheiros. Não sei como certas clínicas aceitam jogos, principalmente quando o mesmo é utilizado para apostas, ainda que de cigarros.

Eu sabia, perfeitamente bem, que estava fazendo meu inventário diário e, ao faze-lo, também ia me ocorrendo revelações úteis à confecção do quarto passo. Não me incomodava ver e ouvir um neófito no ramo querendo me aconselhar. Esse é um lado chato, em clínicas, que devemos aturar. Tem sempre um sabe-tudo... Eles diagnosticam, receitam e, costumam dizer que qualquer mal estar é causado pela droga, ou pela abstinência. Por conta disso quase que um diabético não morreu!

Desta vez não cheguei a partilhar o que eu chamaria de complemento do quarto passo, feito em 2009. Este último foi mais profundo, contudo sai da clínica sem partilha-lo com outro ser humano. Havia uma previsão de alta que foi mudando e isso foi me deixando um pouco preocupado com o que estavam me reservando: era "só" mais uma nova temporada na clínica, como se eu estivesse ido para passar por um novo "tratamento". Estavam querendo aumentar o meu tempo, fugindo ao acertado por livre e espontânea vontade. Não aceitei e pedi para sair. Deu trabalho, mas sai sem poder efetivamente realizar a partilha. Este é um inconveniente de clínicas: estender e firmar contratos. 

Devo dizer que para mim não é doloroso partilhar, doloroso é guardar o que precisa ser vomitado. Doloroso não é sentir nossa própria verdade, mas nega-la. E, eu, particularmente, tenho a vida tão devassada que não me incomoda muito falar e escrever sobre minha própria personalidade. Muitas vezes o que me incomoda é ouvir mentiras a meu respeito. É ter que ver os fatos torcidos e distorcidos, mitificados e mistificados ao sabor das conveniências pessoais. Triste época esta em que o homem tem que dizer que é homem. Triste época em que as pessoas fazem cobranças indevidas sobre o amor, sobre se somos ou não ciumentos, se somos sensíveis, se choramos, se eramos amados e se sabiamos amar. Recordo de um bom companheiro, que devido à falência de 6 casamentos, ele conseguia traçar o perfil da mulher infiel. Ele fazia perguntas sobre como era o relacionamento amoroso dos internos e estes contavam. No final ele dava o parecer: "ah, meu amigo, ela já vinha lhe chifrando há muito tempo". Ele imitava e caricaturava suas ex-companheiras e era muito engraçado.

Há uma luta gigantesca para mudar toda uma cultura social que é alicerçada no preconceito, nos estigmas, na discriminação. Comerciais são veiculados, temas específicos são debatidos, informações esclarecedoras são produzidas e a cultura parece permanecer a mesma. É certo que mudanças culturais levam décadas para acontecer.

O adicto quando diz que sofre preconceito e/ou discriminação pode ser interpretado mal e até visto como homossexual. E aqui, triste época, devo dizer que sou hetero. Se vestimos uma camisa cor de rosa, se alguém usa brinco na orelha ou se admiramos o arco-iris, estamos sujeitos aos prejulgamentos dos preconceituosos e, por que não dizer, de gente inescrupulosa, maledicente e ignorante. 

No campo da adicção é comum usuários de drogas discriminarem uns aos outros. O cocainômano discrimina o alcoólico, o maconheiro, o craqueiro e, por sua vez é discriminado pelo alcoólico e pelo tabagista. Todos na mesma canoa furada a brigarem entre si em função de preconceitos tacanhos. Até mesmo em brigas dentro de clínicas é possível observar tal comportamento.

A tatuagem também é objeto de censura porque muita gente associa a mesma ao mundo do crime. O surfista é discriminado, de cara, por ter sua imagem associada ao uso de drogas. A mulher descolada é vítima de rotulações absurdas e, nós, adictos, também temos nossa parcela de culpa na perpetuação dos estigmas e rotulações preconceituosas.

E porque toquei neste assunto? é porque, em nossos inventários morais, também podemos colocar o quanto fomos vítimas do preconceito, sendo, muitas vezes, de modo injustificado, taxados disso e daquilo. Além do mais, não devemos nos esquecer de como nos relacionamos com as pessoas e o mundo, enquanto meio social. 

Meu adendo ao quarto passo (o primeiro), elaborado em 2009, compõe um quadro melhor de mim mesmo e isso me leva a um bem estar emocional maior, tornando-me em um cara mais seguro de mim

Reflexões Diárias, Alcoólicos Anônimos

A PEDRA ANGULAR


Ele é o Pai e nós somos os Seus filhos. Na maioria das vezes, as boas ideias são simples, e este conceito passou a ser a pedra angular do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 83 ou p.92


A pedra angular é a peça cunhada na parte mais alta de um arco que prende as outras peças no lugar. As “outras peças” são os Passos Um, Dois, e Quatro até o Décimo Segundo.

Neste sentido isto soa como se o Terceiro Passo, fosse o Passo mais importante, que os outros onze dependem do Terceiro para suporte. Na realidade, porém, o Terceiro Passo é apenas um dos doze. Ele é a pedra angular, mas sem as outras onze pedras para construir a base e os lados, com ou sem a pedra angular, simplesmente não haverá arco. Através do trabalho diário de todos os Doze Passos, encontro este arco do triunfo esperando que eu passe através dele para outro dia de liberdade.

Meditação do dia, Narcóticos Anônimos



Relações

"Os nossos inventários também costumam incluir as relações." 
Texto Básico, p. 34


Que afirmação tão aquém da verdade! Em especial quando já temos algum tempo limpo, os inventários podem focar exclusivamente nas nossas relações com os outros. As nossas vidas têm sido preenchidas com relações com companheiros, amigos, familiares, colegas, e outros com quem mantemos contacto. Um olhar sobre estas relações pode dizer-nos muito acerca da essência do nosso carácter. Os nossos inventários costumam catalogar os ressentimentos que surgem das nossas interações diárias com outros. Procuramos ver o nosso papel nessas fricções. Estaremos a colocar expectativas irreais nas outras pessoas? Será que impomos os nossos próprios padrões aos outros? Será que, por vezes, não somos mais do que intolerantes? Muitas vezes é só escrevendo o nosso inventário que nos livramos de alguma da pressão causada por uma relação problemática. Mas temos de partilhar também esse inventário com outro ser humano. Assim iremos ganhar alguma perspectiva necessária sobre o papel que desempenhámos no problema e como poderemos trabalhar em busca de uma solução. O inventário é um instrumento que nos permite melhorar as nossas relações. Aprendemos que hoje, com a ajuda de um inventário, podemos começar a desfrutar as nossas relações com os outros.

Só por hoje: Vou inventariar o papel que desempenho nas minhas relações. Vou procurar desempenhar um papel mais rico e mais responsável nessas relações.

terça-feira, 13 de março de 2012

Noblesse Oblige - amor de um adicto

Hoje lembrei de uma fase da minha vida em que a tônica era pregar a paz e o amor. Tantos anos depois aqui estou preso a estas pequeninas palavras... Queria falar, em especial, sobre o amor. Hoje, para mim, é tão difícil explicar o que é o amor, porque perdi minha inocência. É como querer explicar o meu ciúme, silenciosamente falando através da escrita.

Disse o poeta que amar é a eterna inocência. É o estar-se preso por vontade. Segundo Balzac "o amor que não é cego, não é amor". Creio que ele está certo, pensando bem. É o amor casto, puro, inocente, confiante, que não dá espaço para o ciúme porque é seguro.

Amar não é um exercício matemático, não é exato, não é lógica... Não nos foi conferido o direito de  acessar a fórmula secreta do amor. Muitos tentam equaciona-lo, como se isto fosse possível. Amar é ter pureza.

O amor é como o mais nobre, fino e frágil dos cristais que guardamos, sem saber, no corpo, na alma e no coração. Amor e ciúme a gente sente e não explica.

O amor é um acontecimento. Quando selado com um beijo, vibra com intensa energia. A alegria aflora e revela-se. Pode-se percebe-lo estampado no rosto, nos olhos, nas pupilas dilatadas. Quando ocorre, transborda e jorra felicidade. Não é fonte perene. É como a vida. Não morre subitamente. Vai morrendo aos poucos.


"Este o nosso destino: amor sem conta,

distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão, 
e na concha vazia do amor a procura medrosa, 
paciente, de mais e mais amor.


Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa

amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."   
                                                             Carlos Drummond de Andrade


segunda-feira, 12 de março de 2012

O MEU OLHAR

    O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de vez em quando olhando para trás...
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras...
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo...Creio no mundo como num malmequer,
    Porque o vejo. Mas não penso nele
    Porque pensar é não compreender...
    O Mundo não se fez para pensarmos nele
    (Pensar é estar doente dos olhos)
    Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
    Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
    Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
    Mas porque a amo, e amo-a por isso
    Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência não pensar...

    Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914


Trecho extraído do Livro "Juventude & Drogas: Anjos Caídos"

Crack

Fisgado para sempre 

Neste caso, dificilmente ocorre a paquera. A pessoa experimenta o crack por falta de alternativa. Quer usar droga, não encontra cocaína, contenta-se com o que tiver. “Tem pouco dinheiro? Leva crack, que é mais barato!” O crack não é oferecido pelo próprio consumidor, como acontece com a maconha. É o traficante que vem com essa oferta. Uma vez no crack, a pessoa passa a querê-lo sempre.

Seu usuário vê vantagens em comparação à cocaína: é mais barato e produz sensações mais intensas. Entre os craqueiros, existe um pesado presságio: “Experimentou uma vez,está fisgado!”. O inconveniente é que seus efeitos passam ainda mais depressa que os da cocaína, o que torna o crack mais viciante e, por isso, mais dispendioso. A maioria dos craqueiros já usou outra droga antes.

Casamento com o crack é uma complicação. Maconha, a pessoa compra para guardar e usar em casa. Cocaína até dá para levar para casa, embora dificilmente se consiga escondê-la, o crack nem chega a ser levado; é consumido onde foi comprado. O usuário entra num processo de só parar de usar quando acabar o dinheiro ou a droga.

Um barato muito caro 

Se o dinheiro acabar, o usuário não tem o mínimo escrúpulo em roubar ou se prostituir para conseguir dinheiro. Quer dizer, o desejo pelo crack acaba com todos os valores morais e éticos. Se o usuário de crack não voltar para casa, é bem provável que ele tenha se isolado num hotel, num beco qualquer ou até mesmo na rua para fumar. Pode emagrecer vários quilos por ficar sem comer nem dormir. Banho, nem pensar. Com roupas imundas, geralmente sem nenhum dinheiro nem objetos pessoais que tenha algum valor... é comum o usuário de crack estar envolvido em outros crimes além do uso da droga.

Quase uma partilha

Não tive o impulso necessário para escrever em alguns blogs que acompanho mais de perto. Talvez o problema não fosse propriamente impulso, mas falta de inspiração. Li a carta de um adicto, que reflete o medo de quase todos os adictos; li os posts que relatam a vida de um dependente químico que voltou para casa, senti a alegria e, ao mesmo tempo, a manifestação da codependência, a alternância natural do humor de um adicto em recuperação e torço por todos os que enfrentam a luta para se manterem limpos; acompanhei o retorno da fenix;  voltei a ler sobre a ibogaína; fui ao "Tamo Junto"; visitei outros blogs, alguns, notei, não estavam no rol dos blogs que acompanho de perto... Na verdade gostaria de acompanhar todos os blogs que cuidam da adicção e seus reflexos, de todos os que relatam experiências e vivências com e sobre drogas, mas fica humanamente difícil cumprir esta tarefa.  Buscarei esforçar-me. Preciso ler muito, pois só sei que nada sei. Preciso aprender e reaprender tudo de novo. Reconhecer-me nos outros...

Dito isto eu gostaria apenas de consignar algo que me ocorre nas minhas recaídas e que, talvez, possa interessar algum médico, ou terapeuta, ou algum profissional do ramo. Sou um depressivo crônico antes de ser considerado um adicto. Faz alguns anos que tomo um medicamento chamado ZETRON e, desde o começo da minha adicção a ausência do uso do mesmo me leva às garras da adicção. Minha "iniciação" ocorreu quando estava sem usar este medicamento e todas as minhas recaídas tem a ver com a falta de uso deste medicamento que muita gente prefere chamar de BUP. 

De resto, vi e ouvi o Fantástico. Do que pude avaliar é que Narcóticos Anônimos é mesmo uma irmandade necessária à nossa recuperação. Este é um pensamento que quase todos já conhecíamos. Aquela visão que tenho contra internações involuntárias adquiriu força. 

Bem, por mais que eu tente transmitir alguma coisa a familiares, noto que eles preferem ignorar-me. Fazer o que ? Inexiste mediação, ou conciliadores. Não pretendo levar a vida me auto-flagelando, repetindo que sou culpado por tudo. Não sou adepto desta tese, me desculpem. Ontem recebi a ligação de uma irmã e ela me falava que eu devia reconquistar minha família. Ela está certa, porém, neste meu estágio de vida, creio, o mais importante é me reencontrar comigo mesmo. Já fiz da mais amarga das minhas horas o meu melhor momento e não pretendo repetir isso outra vez.

O fato é que cansei de recair. De levantar e recair. Cansei. Estou farto de drogas. Cansado delas. Cansado de tudo que a envolve e cerca. Cansado de bocas. Cansado do medo, seja de bandidos, seja de policiais, ou dos dois em um só. Cansei de ser furtado, ludibriado. Estou farto de insanidades, minhas e de terceiros.

Sei que sozinho não consigo e tem momentos que me sinto só, contudo, posso sentir que, por mais que me sinta só, nunca estou de verdade; sinto a presença do Deus da minha concepção convergindo para Jesus Cristo que é a verdade, o caminho e a vida e, para chegar a Deus pai, devo segui-lo. Não me vejam como se eu fosse um beato, um fanático, destes que andam com a Bíblia debaixo do braço, pregando nas estações de transbordo.

Quero luz, cansei das trevas, mas sei que ainda não acabou e sei que posso por um fim nisso tudo que me consome e consome quem me rodeia. Ainda tenho que vencer um obstáculo e com fé em Deus vencerei. Dai em diante espero sentir o alivio que a sobriedade e a serenidade irão me proporcionar. Tenho algo a corrigir, a reparar, e preciso de inteligência. Vou na fé, vou com Deus e com ele vencerei. Vou limpo e voltarei limpo.

Recordando a composição de um companheiro de internação: "Deus me castigou severamente, mas não me entregou à morte"
(sem revisão)


domingo, 11 de março de 2012

Deus está comigo!


Dicionário Médico para baixar

Estava em busca de informações cientificas a respeito de doenças que acometem usuários de drogas, lembrando que álcool e fumo (tabaco) também são drogas, quando no resultado das minhas pesquisas apareceu um Dicionário Médico no SCRIBD. Baixei. Achei por bem postar isto aqui. Pode ser que exista pelo menos uma pessoa no mundo, além de mim, que precise consultar um dicionário especializado. Na crença de que não sou ímpar no mundo, espero que alguém me faça par. 
Alguém vai explanar: grande novidade !
Saio de fininho. Fui !
sph 

Hábitos e Vícios

Mudei um pouco e busco novas indagações sobre minha adicção. Procuro me auto-conhecer, com honestidade e a humildade necessária. Recordei de uma antiga indagação escolar: qual é a diferença entre hábito e vício? Dai, então, escolhi publicar algo que julguei diferente para as minhas abordagens e que pode me ajudar futuramente. 
O texto foi obtido do SATYAGRAHA

"Coisa difícil é nos despirmos de um mal hábito, daquele que nos faz mal, que controla nossa mente e nossa vontade. Os chamados vícios. Lembro que na escola, quando eu era beeeem pequena, aprendi a diferença de hábito e vício. Lá no livrinho de Estudos Sociais dizia que hábito é tudo aquilo que fazemos com disciplina e nos faz bem. E vício é o que fazemos com disciplina, mas nos faz mal.

Deveria ser simples, portanto, nos livrarmos dos vícios, já que temos consciência que eles nos fazem mal. Se nos amamos, se desejamos sermos melhores, se queremos paz íntima e bem-estar espiritual, então porque é tão difícil nos despir de um vício, ou até, substituir ele por um hábito? Yogananda tem um texto excelente sobre isso, que se chama “Criar Bons Hábitos e Destruir Maus Hábitos”, onde ele diz:

“A repetição de um ato cria uma configuração mental. Todas as ações são executadas mental e fisicamente. A repetição de um ato em particular e da imagem mental que o acompanha forma sutis caminhos elétricos no cérebro físico, como se fossem as ranhuras de um disco fonográfico. Após algum tempo, sempre que você puser a agulha da atenção nessas ranhuras de caminhos elétricos, ela toca o disco da configuração mental original. Cada vez que o ato se repete, essas ranhuras de trajetos elétricos se aprofundam, até que uma atenção mínima faz tocar, automaticamente, esse mesmo ato, cada vez mais.

Esses padrões fazem com que você se comporte de certo modo, freqüentemente contra seu próprio desejo. Sua vida segue ranhuras que você mesmo criou em seu cérebro. Nesse sentido, você não é uma pessoa livre. Em maior ou menor grau, é vítima dos hábitos que formou. Dependendo da profundidade desse traçados, você é, na mesma proporção, um fantoche. Você pode, porém, neutralizar as imposições desses maus hábitos. Como ? Criando em seu cérebro configurações mentais de bons hábitos opostos. E pode também apagar completamente, por meio da meditação, as ranhuras dos maus hábitos.

Você tem de curar-se dos maus hábitos, cauterizando-os com os bons hábitos opostos. Se tem, por exemplo, o mau hábito de mentir e, por causa disso, tem perdido muitos amigos, comece a praticar o bom hábito de dizer a verdade. Mesmo um mau hábito leva tempo para predominar, logo, por que se impacientar com o desenvolvimento vagoroso de bom hábito oposto? Não se desespere com os seus hábitos indesejáveis; simplesmente deixe de alimentá-los e fortalecê-los por meio da repetição.”

Parace simples, mas é bem difícil. Você torna aos vícios mesmo sem notar e desejando os hábitos que estabeleceu para substituir os vícios. Tem alguns vícios que doem quando estão sendo extirpados. Dói  se livrar deles, mesmo que esteja claro que ele te faz mal. O mesmo quadro de crise de abstinência pelo qual passa os viciados em drogas quando se internam em clínicas, também passamos quando tentamos nos purificar de um vício moral ou mental. Estão tão emaranhados e impregnados em nós, que  muitas vezes o praticamos conscientemente por sentirmo-nos, não confortáveis, mas incapazes de “viver sem eles”. Como diz Yogananda, precisamos mesmo de muita meditação para conseguirmos nos livrar deles, porque só com muita paciência, lucidez e disciplina, nós conseguimos.

Somos como bebês tentando dar os primeiros passos. Caímos e levantamos, caímos outra vez, choramos e levantamos de novo. Caímos, nos sentimos incapazes, quase desistimos, ficamos um tempo caídos, até que conseguimos coragem de levantar outra vez e continuarmos. Até que um dia, graças à nosso auto-amor, nossa persistência e obstinação na auto-iluminação, nós não caímos mais naquele vício e mais um pouquinho da nossa realidade de Luz resplandece da nossa alma.

Por mais difícil, trabalhoso e dolorido que seja, não podemos desistir de nós. Nós somos centelha de Deus, e lutar para que ela apareça cada vez mais, é o nosso trabalho primordial, nossa missão primeira, nossa meta essencial. Essa luta deve estar acima de todas as lutas, porque sem a vitória espiritual, não logramos vitória em nenhuma outra batalha da Vida. Para amarmos bem, para conseguirmos ser instrumentos de Deus e fazer o bem à quem amamos, temos que nos amar! E amar-se é auto-iluminar-se, é lutar por isso, sem jamais desisitir de nós mesmos. Cair faz parte do processo, mas ficar caído, não. Se cairmos, levantamos, quantas vezes forem necessárias, sem jamais esquecermos que somos Luz e que, haja o que houver, devemos continuar lutando por nós."


Querer é poder


Sujeito bom caráter, empreendedor, casado, filhos, conversava comigo a respeito do vício e de clínicas. Para ele o vício nada mais era que falta de vergonha e dava um exemplo tirado do próprio lar. O irmão dele foi usuário de uma das piores drogas da atualidade. Chegava ao ponto de tomar bocas de assalto para usar a droga. O rapaz era um terror. Isso anos a fio. Lá um dado dia, o rapaz modificou completamente. Deixou de usar. Não era adepto de qualquer religião, não se internou em clínica alguma, não frequentou nenhum NA, não buscou ajuda psiquiátrica, não tomou medicamento algum e simplesmente deixou de usar e vive limpo até hoje. Este é um caso real digno de ser registrado pela imprensa.
Outro caso real é o do falecido M. que foi viciado em cocaína durante muitos e muitos anos. Perdeu muitos bens. Casou duas vezes, teve filhos e largou o vício de uma só vez sem precisar de nada. Anos depois deu para beber. Não vivia embriagado, caindo pelo chão. Um dia, para surpresa minha, diagnosticaram cirrose hepática, além de hepatite B.

M. deixou de beber para se tratar.Infelizmente morreu.

P., garota de 21 anos, até os 25 era usuária de tudo. Não havia uma única droga que ela não usasse. Ia em todas. Qual a droga predileta dela? marijuana, creio. Mas ela deu para gostar do crack, que usava de modo compulsivo, na lata. Nem mesmo o fato de ir vez em quando a uma Igreja Batista, das sérias, modificou o modo de ser dela. Uma ocasião, apanhada à força por um cidadão estrangeiro ela engravidou. Dai em diante deixou tudo e, após o nascimento da filha, continua limpa.

Iguais a estas três pessoas existem centenas de outras. Como podemos explicar a recuperação destas pessoas? Haveria uma motivação interior ? enjoaram das drogas e/ou das pessoas que faziam uso? cansaram dessa vida vulgar? como permaneceram limpos sem qualquer receita, sem remédios, sem igrejas e sem grupos de auto-ajuda e muito menos de clínicas? E você que não acredita em nada, o que dizer de casos como estes?

Recordo o caso de um rapaz que vivia na molequeira como se fosse um incorrigível na vida. Não queria nada, até o dia em que apareceu, diante de seus olhos, aquela que viria a ser a primeira e única namorada. O camarada mudou por completo. Voltou a estudar, formou-se, casou e com ela teve filhos, todos bem sucedidos na vida.

São mudanças inesperadas que, no meu entendimento, envolvem mais que um "querer" intenso, determinado, carregado de vontade... 

Como você explicaria "largar o vício" em casos semelhantes a estes? 

Abaixo deixo a letra de uma composição de Chico, que muitas vezes me levou a pensar no que será que será, que está dentro da gente e não devia. Eu queria dentro de mim era esta força libertadora que algumas pessoas possuem e outras não, quero este poder maior que existe em mim e que existe dentro de determinadas pessoas e que se manifesta de uma hora para outra, como um despertar espiritual. 

O Que Será (à Flor da Pele)
Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz implorar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os tremores me vêm agitar
E todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

sábado, 3 de março de 2012

Alcoólicos Anônimos, Reflexão Diária


VENCENDO A VONTADE PRÓPRIA

Assim, achamos que nossos problemas, basicamente, encontram suas origens em nós mesmos. Criamos nossos próprios problemas e pode-se dizer que o alcoólico é um exemplo da vontade própria desenfreada, embora não acredite. Sobretudo, nós alcoólicos precisamos nos desfazer desse egoísmo.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS PG. 83

Por muitos anos, minha vida girou apenas em volta de mim mesmo. Estava absorto pelo ego em todas suas formas - egocentrismo, auto-piedade, egoísmo, tudo que se originava do orgulho. Hoje me foi dada a graça através da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, praticando os Doze Passos e Tradições na vida diária, através de meu Grupo e de meu padrinho e ainda - se eu assim quiser - através da capacidade de colocar meu orgulho de lado em todas as situações que surgirem em minha vida.
Até que eu possa, honestamente, olhar a mim mesmo e ver que eu era o problema em muitas situações, e reagir apropriadamente interna e externamente, até que eu possa livrar-me das minhas expectativas e entender que minha serenidade está diretamente proporcional a elas, não posso experimentar a serenidade e uma sólida sobriedade.

sexta-feira, 2 de março de 2012

DIRETRIZES GERAIS Médicas Para Assistência Integral ao Dependente do Uso do crack

1- APRESENTAÇÃO
A epidemia de uso de crack que se apresenta no país preocupa a todos os brasileiros. A estimativa da 
OMS para o Brasil é que existam 3% de usuários, o que implicaria em 6 milhões de brasileiros. O Ministério da Saúde trabalha com 2 milhões de usuários e estudo da Unifesp patrocinado pela SENAD demonstra que um terço dos usuários encontra a cura, outro terço mantém  o uso e outro terço morre, sendo que em 85% dos casos relacionados à violência.

Não existe ainda uma droga específica. Os psiquiatras preconizam internação para desintoxicação de cerca de 7 a 14 dias, drogas usadas comumente como opióides e tratamento das comorbidades constituem-se em medidas iniciais, devendo o paciente ter acesso à rede de tratamento ambulatorial bem como aos processos integrados

É preciso mobilizar toda a sociedade (sindicatos, conselhos, movimentos sociais, religioso, estudantil) e meio empresarial para criar uma consciência de responsabilidade compartilhada para o sucesso essa
grande ação de cidadania. Diretrizes Gerais Médicas para Assistência Integral ao Crack .|
As entidades médicas (Conselho Federal de Medicina, Federação Nacional dos Médicos e Associação
Médica Brasileira) se disponibilizam para fazer parte dessa grande causa.
A presidência da República já se manifestou ao declarar o enfrentamento a essa grande mazela social.
As diretrizes a seguir foram formatadas a partir de trabalhos elaborados por especialistas, presentados
em Brasília –DF, na sede do CFM¹.

1 – a. ‘Guia da OMS de Intervenção para Transtornos Mentais, Neurológicos e por Uso de Substâncias em locais de cuidados não especializados’; do Dr. José Manoel Bertolote; Consultor da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
b. ‘Crack – Dimensão do Problema’ – do Dr. Salomão Rodrigues Filho membro da Associação Brasileira de Psiquiatria. 
c. ‘Crack: abordagem clínica’ – do Dr. Carlos Salgado, Membro da CT Psiquiatria do CFM e Presidente da ABEAD
d. ‘Política do tratamento do CRACK’ – do Dr. Ronaldo Laranjeira, Professor Titular de Psiquiatria da UNIFESP e Presidente do INPAD-CNPq  - Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas 
e.’ Crack construindo um consenso’ – da Dra. Jane Lemos, Presidente da Associação Médica de Pernambuco.8| CFM Conselho Federal de Medicina.

Reflexão Diária, Alcoólicos Anônimos

2 DE MARÇO



E S P E R A N Ç A

Não desanime.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 81 ou p. 89


Poucas experiências são de menor valor para mim do que a sobriedade conseguida com rapidez. Muitas vezes o desânimo foi o bônus para expectativas pouco realistas, sem mencionar a autopiedade e a fadiga do meu desejo de mudar o mundo num fim de semana. Desânimo é um sinal de alerta a possibilidade de estar me desviando da linha de Deus. O segredo de preencher meu potencial é reconhecer quais as minhas limitações e acreditar que o tempo é uma dádiva, não uma ameaça.

Esperança é a chave que abre a porta do desânimo. O programa me promete que se eu não tomar o primeiro gole hoje, sempre terei esperança. Tendo vindo a acreditar que mantenho aquilo que compartilho, à toda hora que eu encorajo o outro recebo coragem. É com os outros que, com a graça de Deus e a Irmandade de A.A., percorro a estrada de um destino feliz. Que eu possa sempre lembrar que a força dentro de mim é muito maior do que qualquer medo à minha frente. Que eu possa sempre ter paciência, porque estou no caminho certo.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos


O membro isolado

Um membro de um determinado grupo ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar.

Após algumas semanas, o lider do grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante de um brilhante fogo.

Supondo a razão para a visita, o homem deu-lhe boas-vindas, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto esperando.

O pastor se fez confortável mas não disse nada. No silêncio sério, contemplou a dança das chamas em torno da lenha ardente.

Após alguns minutos, o líder examinou as brasas, cuidadosamente apanhou uma brasa ardente e deixou-a de lado. Então voltou a sentar-se e permaneceu silencioso e imóvel.

O anfitrião prestou atenção a tudo, fascinado e quieto.

Então, a chama da solitária brasa, diminuiu… houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou de vez. Logo estava fria e morta. Nenhuma palavra tinha sido dita desde o cumprimento inicial.

O líder antes de se preparar para sair, recolheu a lenha fria e inoperante e colocou-a de volta no meio do fogo. Imediatamente começou a incandescer uma vez mais com a luz e o calor dos carvões ardentes em torno dela.

Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: Obrigado… tanto por sua visita quanto pelo sermão. Eu estou voltando ao convívio do grupo.




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