terça-feira, 10 de abril de 2012

Hannah Arendt

O Perdão e a Promessa

Se não fôssemos perdoados, eximidos das consequências daquilo que fizemos, a nossa capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único acto do qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas consequências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço. Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos - trevas que só a luz derramada na esfera pública pela presença de outros que confirmam a identidade entre o que promete e o que cumpre poderia dissipar. Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si mesma.

Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'


Crédito: Citador

domingo, 8 de abril de 2012

NA - Narcóticos Anônimos

Meditação do Dia
Domingo, 08 de Abril de 2012

Felicidade
"Passamos a conhecer a felicidade, a alegria e a liberdade." Texto Básico, p. 103

Se alguém te parasse hoje na rua e te perguntasse se eras feliz, o que é que dizias? "Bom, ah, deixe-me ver... Tenho uma casa, comida no frigorífico, um emprego, o meu carro trabalha... Sim, acho que sou feliz", poderia ser a tua resposta. Aqueles são exemplos exteriores de coisas que muitos de nós tradicionalmente associam à felicidade. Por vezes esquecemo-nos, todavia, de que a felicidade é uma escolha; não há ninguém que possa fazer-nos felizes. A felicidade é aquilo que encontramos no nosso envolvimento com Narcóticos Anónimos. É na verdade enorme a felicidade que vamos buscar a uma vida concentrada em servir o adicto que ainda sofre. Quando colocamos o serviço acima dos nossos próprios desejos, descobrimos que estamos a retirar o foco sobre nós próprios. Como resultado disso, vivemos uma vida mais feliz e harmoniosa. Ao servirmos os outros, as nossas necessidades são mais do que preenchidas. Felicidade. O que é que é na realidade? Podemos pensar na felicidade em termos de contentamento e de satisfação. Estes dois estados de alma parecem surgir quando menos nos esforçamos por eles. À medida que vivemos só por hoje, transmitindo a mensagem ao adicto que ainda sofre, encontramos contentamento, felicidade, e uma vida com um profundo sentido.

Só por hoje: Vou ser feliz. Vou encontrar a minha felicidade ao servir os outros.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Agressividade e autodestrutividade


"Conter a agressividade é, em geral, nocivo e conduz à doença (mortificação). Uma pessoa num acesso de raiva, com frequência demonstra como a transição da agressividade, que foi impedida, para a autodestrutividade, é ocasionada pelo desvio da agressividade contra si própria: arranca os cabelos ou esmurra a face, embora, evidentemente, tivesse preferido aplicar o tratamento a outrem."
FREUD

O que fizemos ?


Meditação do Dia

QUINTA, 05 DE ABRIL DE 2012


Identificação
"Alguém, finalmente, conhecia os pensamentos loucos que tive e as coisas loucas que fiz." II Basic Text, p. 175 
Um adicto sente-se por vezes completamente único. Temos a certeza de que mais ninguém usou drogas como nós, ou teve de fazer as coisas que nós fizemos para arranjá-las. Se acharmos que mais ninguém nos compreende realmente, estaremos a colocar obstáculos que nos impedirão de recuperar durante muitos anos. Mas uma vez chegados às salas de Narcóticos Anónimos, começamos a perder aquela sensação de sermos "os piores" ou "os mais loucos". Ouvimos outros membros partilharem as suas experiências. Descobrimos que os outros já caminharam o mesmo percurso tortuoso que nós, e mesmo assim conseguiram entrar em recuperação. Começamos a acreditar que a recuperação também está ao nosso alcance. À medida que progredimos na nossa própria recuperação, o nosso pensamento por vezes ainda é insano. Mas descobrimos que quando partilhamos os tempos difíceis que possamos estar a atravessar, há outros que se identificam, partilhando a forma como lidaram com essas dificuldades. Não importa quão distorcidos possam parecer os nossos pensamentos, encontramos esperança quando os outros se identificam connosco, sugerindo-nos as soluções que eles próprios encontraram. Começamos a acreditar que podemos sobreviver àquilo que estivermos a atravessar, a fim de prosseguirmos na nossa recuperação. A dádiva de Narcóticos Anónimos é a de aprendermos que não estamos sós. Podemos largar as drogas e manter-nos limpos partilhando com outros membros a nossa experiência, a nossa força, e mesmo os nossos pensamentos loucos. Quando o fazemos, abrimo-nos às soluções que os outros encontraram para os mesmos desafios que nós enfrentamos.

Só por hoje: Sinto-me grato por poder identificar-me com outros. Hoje vou escutar quando alguém partilhar a sua experiência, e vou partilhar também a minha.


Desculpas

Peço desculpas por ter postado um desabafo em que faço revelações de cunho pessoal. No post eu manifesto diversas características da minha doença. Preciso rever tudo, com calma. Deixar o que devo deixar e cortar o que pode ofender. Peço desculpas ao "Tamo Junto", enquanto agradeço a solidariedade. 

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