quinta-feira, 15 de maio de 2014

A família e o uso de drogas


As drogas estão presentes na sociedade e têm sido alvo da atenção de muitas famílias, seja pela preocupação com aqueles que não usam ou pararam de usar, ou com os que fazem uso.

A família tem um importante papel social e pode contribuir na prevenção do uso, na busca de ajuda e no apoio ao tratamento de quem está tendo problemas com o consumo. Refletir sobre o uso de drogas no contexto social tendo como foco a família é importante para se buscar melhores formas para lidar com esta questão. Há drogas prejudiciais à saúde e outras que são necessárias, a exemplo dos medicamentos. E preciso parar e refletir.


Família ou famílias?

Antes de pensar sobre as drogas é fundamental refletir sobre o que é família. Diferentemente do passado, a família não é vista hoje apenas como aquele grupo constituído por pai, mãe e filhos. Até algum tempo atrás, não poderia ser considerada “família” aquela que estivesse fora deste padrão.

Não há famílias “direitas” e famílias incompletas e sim diferentes possibilidades de organização familiar. Existem aquelas formadas por mãe e filhos, pai e filhos, somente os irmãos, avós e netos, tia e sobrinhos e por aí vai. O mais importante não é de quais membros é composta e sim a qualidade das relações, pois a família é a referência com a qual as pessoas se identificam, mantêm relações afetivas e de cuidado, aprendem constantemente sobre a vida, vivem no mesmo espaço físico ou estão próximas. O olhar deve ser direcionado, portanto, para os laços de afeto e de cuidado.

Nos dias atuais ainda está presente a ideia de que famílias ‘desestruturadas’ (fora do padrão) são a maior causa dos problemas com o uso de drogas. É comum se relacionar o uso de drogas a filhos de pais separados. Não existe nenhuma comprovação de que este seja um facilitador do uso. Afirmativas como esta se mostram preconceituosas e poucos sensíveis à realidade de cada família com suas potencialidades, fragilidades e possibilidades de superação a partir dos recursos que possuem. Importam mais os vínculos afetivos estabelecidos e a confiança entre os membros.

O que facilita o uso de drogas?

Não existe ‘receita’ que mostre uma forma de evitar o uso indevido de drogas nem uma combinação de fatores que irá, necessariamente, alcançar determinado resultado. Não se pode afirmar que um adolescente filho de pais que vivem juntos, que frequenta a escola e tira boas notas não será um usuário de drogas. Pode ser e pode não ser. As generalizações são arriscadas e podem estar equivocadas. É indispensável conhecer cada realidade.

Estabelecer regras fixas para saber se um comportamento vai acontecer é inadequado, mas é possível identificar possibilidades, circunstâncias sociais ou características da pessoa que a tornam mais vulnerável ao uso de drogas. São fatores que, ao estarem presentes, aumentam a probabilidade (possibilidade) do uso de drogas. Estes fatores, chamados fatores de risco, podem estar na própria pessoa, em sua família, na escola, no trabalho, no bairro onde mora, na mídia, na sociedade. Eles estão inter-relacionados e interferem no comportamento da pessoa de uma forma integrada e não isoladamente.

São exemplos de fatores de risco: autoestima baixa, ansiedade, insegurança, pais (ou responsáveis) que abusam das drogas, relações autoritárias na família, ambiente escolar desmotivador, falta de regras claras sobre o uso de drogas, desvalorização na escola ou no trabalho, fácil acesso às drogas, publicidade incentivadora do consumo, para citar alguns.

Há como evitar o uso indevido de drogas?

O mundo das certezas não existe, mas há situações que podem ser aliadas da prevenção.

Já foram identificadas circunstâncias que tornam menos provável o uso de drogas. São os fatores de proteção que, assim como os fatores de risco, podem estar na própria pessoa, em sua família, no trabalho, na escola, na comunidade, na mídia, na sociedade e atuam de forma inter-relacionada. São menos vulneráveis ao uso pessoas autônomas e com boa autoestima, que acreditam nos próprios potenciais, sabem fazer escolhas com responsabilidade, lidam com suas frustrações como aprendizados, têm adultos de referência que dialogam sobre a vida, que mantêm uma relação de autoridade sem autoritarismo, acesso a informações sobre as drogas, envolvimento em atividades sociais solidárias, acesso ao trabalho e ao lazer.

Para quem tem medo de que o (a) filho (a) use drogas

Ter medo de que o filho venha a ter problemas com o uso de drogas é compreensível. O consumo de drogas implica em riscos com relação à saúde física e mental, aos relacionamentos, ao desempenho escolar, à segurança, dentre tantos outros. 
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No entanto, as drogas estão aí e o desafio é saber conviver com elas sem se envolver de maneira perigosa. O primeiro passo é estar atento e acompanhar de perto as crianças e adolescentes, suas atividades, emoções, manifestações, amizades e mudanças de comportamento. Isto deve ser feito como uma forma de participar da vida deles, não como um controle e interferência nas suas ações. O diálogo e a reflexão devem ser a base do relacionamento entre adultos e crianças e jovens.

Conhecer objetivamente o que são drogas, quais as mais usadas, quais os riscos do uso ajuda a não mergulhar nos pensamentos alarmistas muitas vezes divulgados pela mídia ou disseminados em preconceitos.

É importante educar as crianças e adolescentes com regras claras sobre o que é e o que não é permitido na família e na sociedade, incentivá-los a vencer desafios com responsabilidade, contribuir para que tenham uma boa autoestima, acreditando em si mesmos, valorizando seus potenciais e, sempre que as oportunidades surgirem, conversar sobre as drogas de uma forma aberta, esclarecendo suas dúvidas. Educá-los para fazer escolhas saudáveis e responsáveis, como a alimentação equilibrada, a prática de atividades físicas, os cuidados com o corpo, a prevenção de acidentes e comportamentos arriscados, a cultura da paz e da solidariedade, a escolha profissional e de um projeto de vida, as ações cidadãs.

Buscar uma relação próxima e afetiva é de grande valia na prevenção do uso de drogas, lembrando que diálogo e compreensão não significam cumplicidade e aceitação de todos os comportamentos.

Algumas perguntas podem contribuir para os pais e outros adultos refletirem sobre sua relação com o filho.

O que ele tem vivido?
Com o que sonha?
Quais são seus medos?
E suas frustrações?
O que gosta de fazer?
Com quem conta?
Perguntas como essas possibilitam aos pais conhecerem mais de si e de seus filhos. Conhecer possibilita compreender e desenvolver uma relação mais próxima pela troca de experiências de vida e de visões enriquecedoras para todos.

O medo de o filho vir a usar drogas pode levar a discursos moralistas, amedrontadores. Eles geram um clima de tensão e costumam não ajudar. Outra possibilidade de reação, que também não é eficaz, é “fingir” que as drogas estão distantes, não fazem parte do contexto próximo.

Os pais devem buscar se informar sobre as drogas para poderem conversar com os filhos de forma aberta e não preconceituosa. As oportunidades surgem no convívio, como ao assistir um noticiário, conversando sobre algum fato que envolveu o uso de drogas na vizinhança ou na família. O diálogo ajuda a família a conhecer-se melhor e criar um ambiente mais saudável, no qual os fatores protetores da família sejam fortalecidos.

É fundamental que a criança e o adolescente saibam o que a família aceita ou não e transmitir esta informação para os filhos com clareza e autoridade (não com autoritarismo ou violência). A base de tudo é criar um clima de confiança e acreditar nos filhos e na sua possibilidade de autonomia e responsabilidade.

O que fazer se filho (a) está usando drogas

O passo inicial (e primordial) é manter a calma. Respirar para refletir e tomar as melhores decisões. Confrontos e críticas são, geralmente, um mau começo de conversa. Acolher e demonstrar afeto são um caminho mais eficaz. É importante evitar visões pessimistas, julgando que qualquer uso de drogas leva ao fundo do poço, e buscar primeiro conhecer e compreender. Muitas vezes trata-se de um uso passageiro, fruto da curiosidade, e um diálogo aberto pode ser decisivo na sua continuidade ou não.

O que de fato está acontecendo?

É importante identificar, preferencialmente em diálogo com o filho: qual droga (ou drogas) ele usa? Há quanto tempo? O que o motivou o uso? Onde ele tem acesso a elas?

Embora haja substâncias que integram uma mesma categoria “drogas” há diferenças entre elas e diferentes tipos de uso e motivações. Buscar conhecer sobre a droga utilizada pelo filho é um passo importante para conversar com ele a partir de informações corretas.

O uso de drogas pode ser motivado pela curiosidade, necessidade de ter um grupo de amigos, insegurança, falta de perspectiva para o futuro, timidez, dificuldades de lidar com frustrações, para citar alguns. O consumo pode estar escondendo essas motivações e conhecê-las contribui para a família desenvolver formas para lidar com o uso, tanto buscando apoio entre si como em ajuda externa.

Fundamental também saber quando o uso iniciou, com qual frequência é feito, pois usar drogas implica em riscos, mas nem todo uso é dependência. Há diferenças entre usar, abusar e estar dependente. (fazer o link com o texto sobre isso) Jovens maiores de 18 anos que consomem pequenas quantidades álcool em uma festa, intercalando bebidas alcoólicas e não alcoólicas, que bebem após terem feito uma refeição e não vão dirigir após o consumo, podem estar fazendo um uso não prejudicial da droga. Os medicamentos para depressão, diminuição da ansiedade ou utilizados como anestésicos, quando prescritos por um médico, também ilustram um uso de drogas adequado.

O abuso implica em riscos ou danos significativos, como envolver-se em acidentes de carro ou outros, ter a saúde, as atividades escolares ou de trabalho e as relações sociais prejudicadas pelo uso de drogas. O abuso pode ocorrer tanto com o uso contínuo como numa única ocasião. É o caso de beber e dirigir, usar drogas e agir com violência ou usar uma quantidade muito grande do álcool ou de outra droga numa mesma situação.

A dependência pode ser identificada em pessoas com dificuldade de parar ou diminuir o uso por decisão própria apesar de identificarem prejuízos. Elas têm uma grande necessidade de consumir a droga, é a chamada “fissura”. Usar a droga ganha uma importância tal que o dependente abandona outras atividades que considerava prazerosas e focaliza no uso da substância. A dependência pode ocorrer com o uso prolongado de drogas, como álcool, cigarro, maconha, cocaína, crack, medicamentos para controlar a ansiedade ou para emagrecer dentre outras. Requer atendimento especializado. (fazer o link com o texto sobre isso)

Há casos em que o uso provoca desmaios ou convulsões. Em situações de emergência é preciso manter a calma, colocar a pessoa numa posição lateral para não se engasgar e mantê-la longe de objetos com os quais possa se machucar. Entrar em contato com o serviço de emergência imediatamente.

Onde há problemas há também soluções

Prevenir e lidar com o uso de drogas na família é papel de todos. Não só dos pais. Os desafios podem ser enfrentados com os recursos disponíveis ou que possam ser desenvolvidos. Buscar identificar com o quê cada pessoa pode contribuir já é uma ação de cuidado. Além disto, a família pode buscar apoio externo em grupos de ajuda mútua, serviços de prevenção à saúde, atividades de lazer em conjunto ou serviços especializados, quando necessário. (fazer o link com o texto sobre isso)

Fonte: DROGAS POR QUÊ?

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