sexta-feira, 16 de maio de 2014

Os sobreviventes do rock


Embora excessos e excentricidades, astros do rock que honraram a trindade sexo, drogas e o ritmo seguem na ativa.

O ideal cantado por Lobão de viver 10 anos a mil do que mil anos a 10 já era. A atitude de artistas que costumavam beber vodka no café da manhã, tomar doses de ácido lisérgico como se fossem balinhas de Tic Tac, entrar com carros dentro de piscinas, incendiar guitarras no palco e jogar aparelhos de TV pelas janelas de hotéis cinco estrelas deu lugar a roupas justas com uma duvidosa combinação de cores, cabelos estrategicamente espetados e desalinhados, e ao meigo gesto do coraçãozinho com as mãos.

A rebeldia, irreverência e contestação próprias do autêntico espírito do rock mudaram para uma atitude pacata, responsável e com carência crônica de criatividade. A geração que viveu na pele a santíssima trindade “sexo, drogas e rock n’ roll, hoje vê seus filhos entoarem o mantra “punheta, Smirnoff Ice e Restart”.

Os ídolos também são outros: Restart dita as tendências de comportamento para milhares de jovens e, mesmo fora do cenário musical, personagens como Harry Potter e o vampiro sensível da saga Crepúsculo fazem o mesmo. O fenômeno do “bom mocismo” de hoje está presente até em algumas celebridades musicais da velha guarda, como Bono Vox, do U2. Além de emprestar a sua imagem para causas sociais, o vocalista da banda irlandesa é casado (e se mantém fiel) há mais de 30 anos com a mesma mulher, algo que um cara como Gene Simmons, vocalista do Kiss, que já declarou ter transado com mais de 4 mil mulheres, provavelmente acharia um absurdo.

Na década de 80, Cazuza já reclamava que seus heróis morreram de overdose. E de fato, ícones geniais como o guitarrista Jimi Hendrix, Jim Morrison (vocalista do The Doors), a cantora Janis Joplin, Keith Moon (baterista do The Who), Bon Scott (vocalista do AC/DC) e John Bonham (baterista do Led Zeppelin), para citar apenas alguns, deixaram este planeta de forma trágica, mas que também os imortalizou no Valhalla da música mundial.

Em terras brasileiras, Raul Seixas foi outro artista que detonou o corpo até morte, assim como os excessos do próprio Cazuza lhe garantiram um final idêntico.

Depois deles, o movimento grunge dos anos 90 também criou seus mártires, com as mortes de gênios perturbados como Kurt Cobain (Nirvana) e Layne Staley (Alice in Chains).

No caso do rock, a massificação imposta por bandas pré-fabricadas por produtores musicais que ocupam quase todo o espaço na mídia pode ser um dos motivos. Para o músico, jornalista e crítico musical Kid Vinil, “o herói do Brasil”, ex-vocalista da banda Magazine, nos anos 80 a mídia abraçou espontaneamente a causa do rock nacional e havia menos concorrência com outros gêneros, como pagode e sertanejo, que ele carinhosamente chama de praga.

“Existe um jogo de interesses muito grande na indústria da música no Brasil e o rock é considerado um subgênero. Os jovens muitas vezes não se ligam no que está rolando de novo nos EUA e na Europa, porque as rádios simplesmente não tocam”, O músico, que atualmente faz shows com a banda Kid Vinil Xperience, emenda dizendo que “o espírito do rock sobrevive mesmo é no circuito alternativo, com bandas como Velhas Virgens, Matanza e Dead Fish”.

No entanto, para a alegria de muitos e a perplexidade de todos, nem só de cadáveres célebres vive o rock n’ roll. Alguns artistas que já chegaram a colocar os dois pés na cova e fizeram de tudo para ficar no imaginário dos fãs como jovens ídolos eternos falharam na missão e continuam vivos até hoje! Veja alguns casos interessantes de sobrevivência que desafiam a ciência.


Keith Richards, 67

“Não tenho problema com drogas. Tenho problemas é com a polícia”

Highlander master no quesito sobrevivência, um dos músicos que melhor personifica a imagem do guitar hero em todos os tempos, o guitarrista dos Rolling Stones continua respirando (e tocando) mesmo depois de décadas de consumo desenfreado de álcool e de todos os tipos de drogas já inventadas na humanidade.

Sempre com um cigarro aceso na boca, Keiht Richards protagonizou histórias bizarras que se tornaram lenda por falta de comprovação, como a de ter trocado todo o seu sangue para se livrar do vício de heroína na década de 70 e a de ter cheirado as cinzas do próprio pai pra ficar ainda mais chapado. “Amadora”: este foi o seu singelo comentário ao saber da morte de Amy Winehouse por overdose, em julho deste ano.

Iggy Pop, 64 

“Uma vez agarrei uma dona na platéia e a comi. Quando os Stooges subiam no palco, você sabia que alguma coisa podia acontecer”    

O ex-vocalista dos Stooges parece ter sido mumificado pelo conjunto de todas as substâncias ilícitas que tomou ao longo da vida, já que mantém um inacreditável vigor atlético até hoje. Entre as façanhas do Iguana – para os íntimos – estão episódios como rolar com o corpo sobre vidro quebrado, vomitar durante as suas performances no palco e ter inventado o morshe (pular do palco em cima do público). 

Paul MacCartney, 69 

“O negócio era bom demais para jogar na privada, então eu resolvi levar comigo”

Quem vê atualmente o eterno Beatle com toda sua elegância e sobriedade, um legítimo lord britânico que recebeu a honraria das mãos da própria rainha da Inglaterra, mal suspeita o que ele aprontou na chamada fase psicodélica dos Beatles. O uso de álcool, maconha, LSD e cocaína chegaram a ser fonte de inspiração para diversas composições na época, como Day Tripper e Lucy in the sky with diamonds. Em 1980, ele não conseguiu entrar no Japão para um show, porque foi preso com 225 gramas de maconha na bagagem. Resultado: passou 10 dias na cadeia e foi proibido de ir ao país do sol nascente por uma década.

David Bowie, 64
"Eu sou uma estrela instantânea, basta adicionar água e agitar”

O camaleão do rock é outra figura do rock que está viva até hoje por milagre. Literalmente louco por álcool, sexo, maconha e cocaína, nos anos 70 costumava promover constantes orgias à la Calígula e inventou uma bizarra dieta alimentícia à base de pimenta, leite e cocaína, aliás, tema de Ziggy Stardust, um dos seus hits mais conhecidos. Em 1976, rodou nos Estados Unidos por posse de meio quilo de maconha, que ele serenamente chamou de “um baseadinho”. Porém, escapou de ficar guardado 15 anos, por conta da retirada das acusações. Na década de 90 conseguiu finalmente ficar limpo das drogas, depois de ter usado até bruxaria para se livrar do vício.

Steven Tyler, 63

"Eu cheirei meu Porsche, eu cheirei meu avião, eu cheirei minha casa"

Para o líder do Aerosmith, beber uma garrafa inteira de whisky durante um show era fichinha. Foram mais de 30 anos contínuos usando álcool e drogas em geral, especialmente cocaína. Em entrevista recente, contou que num determinado momento da sua vida, a fissura era tamanha que ele escondia umas carreiras atrás da bateria durante os shows, senão nem terminava a apresentação. Já passou por oito internações em clínicas de reabilitação e confessou ter torrado mais de US$ 20 milhões apenas com drogas.

Ozzy Osbourne, 62

“Acho que estou ficando louco. Mas enfim, enquanto estiver aproveitando, tudo bem”

Sem conseguir compreender como uma pessoa “normal” continua viva por seis décadas, depois de ter usado tanto álcool, cigarro e nada menos do que 42 tipos de drogas diferentes, o roqueiro disse que pretende doar o seu corpo à ciência após a morte. Essa longevidade sobrenatural lhe rendeu um novo emprego: hoje em dia, ele assina a coluna “Pergunte ao Dr. Ozzy”, publicada num jornal britânico, na qual ele dá dicas de saúde aos leitores. O material já foi compilado em livro e acaba de ser publicado no Brasil sob o título “Confie em mim, eu sou o Dr. Ozzy”, pela Editora Benvirá.

Crédito/Fonte: areaH

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