terça-feira, 19 de agosto de 2014

Cerveja e etc !


Em meu convívio com pessoas com graus de instrução diferenciados é muito comum, quando o assunto é dependência química, ouvir falarem em diversos tipos de patologia. Por mais incrível que possa parecer a depressão quase não é mencionada. Ouço falarem em psicoses, transtornos, os mais diversos, discussões sobre o que diferencia um sociopata de um psicopata, a neurose que ultrapassa os níveis aceitáveis e considerados normais e por ai vai. A palavra adicção é pouco mencionada, as pessoas tem arraigado na mente a ideia que associa a dependência à toxicomania. Frequentemente o álcool é apenas uma bebida. Já o cigarro (tabaco), pelo cheiro desagradável e por uma propaganda mais ostensiva, é considerado muito mais como um tóxico, do que taxado como uma droga lícita.

O álcool é uma droga que penetra em quase todos os lares e, talvez por ser uma droga de uso tão disseminado e indiscriminado, passa à condição de bebida. Cerveja tem um glamour, uísque dá status, quando ´um legítimo scotch... Observem as propagandas: o homem viril e a mulher atraente estão sempre presentes nos comerciais e isso cria, subliminarmente, a ideia de que é preciso beber para ser alegre, um bom pegador e tudo isso toca na libido inconscientemente. 

Face às variadas abordagens pertinentes ao mundo das drogas surge, frequentemente a concepção de que um "toxicômano", um "drogado", é um louco desajustado, uma pessoa problemática e essa concepção muitas vezes decorre de prejulgamentos e eu acabo ouvindo loas e mais loas a respeito do mau conceito de que gozam os adictos em determinados meios sociais. 

Conheci muita gente revoltada, desajustada, desviada e que, no entanto, não se utilizavam de qualquer droga, lícita, ou ilícita. Essas ánalises são fruto de muitas ideias loucas, preconceituosas, que já vem de épocas em que eu nem era nascido. 

Observo o ódio com que pessoas de determinado nível intelectual trata o canabiano, chamando-o, quase sempre, pelo rótulo vulgarizado de "maconheiro". Esta palavra, tão pejorativamente utilizada, revela o quanto de ignorância determinadas cabecinhas guardam. É aquela coisa da velha opinião formada sobretudo. E a discriminação entre usuários de drogas é outro absurdo. O cara que cheira cocaína repudia o "maconheiro" e o "craqueiro". O pior é que o crack e a coca têm o mesmo princípio ativo e levam a problemas muito semelhantes. A diferença é que uma vem da classe alta e hoje atinge as classes baixas. Já não é mais uma droga das elites. O crack vem das classes marginalizadas e hoje penetra no topo da pirâmide social. A maconha é uma droga polêmica que no meu entendimento - sem hipocrisia - deveria ser legalizada, porque tanto quanto o álcool ela penetra em todos os  lares e classes sociais. Mais deixo essa discussão para os fanáticos, pois bem sei que debater o tema termina em lugar nenhum. O certo é que vai chegar o dia em que esta droga, dita medicinal, ou do demônio, vai ser legalizada, porque a roda da história revela que não tem retorno. Uma observação devo fazer e que fique muito claro: existem pessoas que podem usar a erva e pessoas que não podem, de jeito nenhum, usar esta droga. Este é que é um grande problema. 

Tem um expert em dependência química que não aceita a hipocrisia social de colocarem o álcool como sendo uma droga menos nociva que o crack, sob todos os aspectos e eu abraço a tese dele pois o álcool está intimamente ligado as demais drogas, incluindo a cocaína e o crack, ou misturando com redbull e outros energéticos potencialmente nocivos. Quem quiser se dar ao luxo de refletir sobre a gravidade da droga álcool vai constatar o quanto ela é muito mais perigosa que as demais drogas. 

Mas, divaguei demais e dei um passeio sobre nuances pertinentes ao mundo das drogas e fugi do propósito verdadeiro, talvez conscientemente. Queria e quero abrir uma brecha para inserir alguns textos que abordem temas sobre dependência e doenças mentais. Quando postei um breve artigo sobre Robin Willians, ele revelava em poucas palavras tantas coisas que ninguém notou. Agora, para finalizar, qual a prioridade para tratamento: a depressão, ou o uso de droga? Fico com a depressão, pois, me parece, ela empurra o deprimido para a utilização de outras drogas e o resultado não deve ser nada bom para o deprimido e sua família. A depressão é, ainda, uma doença tão negligenciada e ignorada que muita gente confunde a mesma com frescura, preguiça e etc. É hora de buscarmos abrir o horizonte para espalhar conhecimento e é isso que pretendo. No primeiro momento buscarei textos escritos por especialistas. Quem sabe um dia muita gente resolve abrir a mente e deixar o conhecimento  ocupar o lugar da ignorância?

Um comentário :

  1. será que se nesses casos de depressão, tratando apenas a depressão a dependência química ficaria em segundo plano?...Não sei acho que antes de se chegar a dependência química sim, mais depois da pessoa já se tornar um dependente será que da pra separar uma da outra?? O cérebro não é modificado após o uso de substâncias o que desequilibra suas funções hormonais?...Penso que a forma de se viver nos leva a de alguma forma a um condicionamento de vida o qual mau nos questionamos sobre...só chegamos a questionar quando essa forma de vida passa a nos afetar....temos muito que mudar ainda

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